quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Como nasceu a ideia para uma nova aventura: o Caminho Francês de Santiago de Compostela





Volvido pouco tempo sobre a conclusão da nossa primeira aventura no Caminho de Santiago, eis que o bichinho começa de novo a fazer das dele. Primeiro o Pimpão a navegar na net, pesquisando sobre a História do Caminho, sobre os diferentes Caminhos, até que se apercebe que o Caminho Francês é de facto o mais famoso e o mais carismático de todas as vias para “Campus Stellae”, quer pela sua antiguidade, quer pela sua beleza paisagística, quer pelos seus monumentos e também pela sua História! Imediatamente fiquei contagiado pela informação que o Pimpão me ia passando. Lemos imensos testemunhos de pessoas que fizeram o Caminho Francês, uns em livro, outros em blogues ou em sites na internet, outros ainda mais ou menos famosos! A adrenalina começou a subir! Lançámos logo o isco ao Castro que o “mordeu” de imediato! Durante todo o ano de 2008 e parte do de 2009 ponderámos todos os prós e contras de um desafio desta natureza, mas posso dizer que o “nosso Caminho Francês” começou logo ali! Estava decidido, disso não havia dúvidas, iríamos, com toda a certeza fazer este Caminho! Só faltava saber quando!

Por maioria de razões decidimos que o ano seria 2010: por ser Ano Jubilar Compostelano (Xacobeo, quando o dia 25 de Julho, Dia de Santiago de Compostela, ocorre a um domingo), o que iria conferir uma outra mística ao Caminho, para nos dar mais tempo para programarmos e prepararmos as nossas “agendas” (emprego e família), para intensificarmos a nossa preparação física e mental e para organizarmos todo o equipamento técnico e logístico.
No dia 15 de Agosto de 2009, durante um jantarzito em Nisa, acertámos finalmente, de comum acordo, a data da partida para França: 17 de Abril de 2010 e a data de inicio do Caminho Francês: 19 de Abril de 2010.
Existem sempre incertezas nas escolhas das datas e não existe, por assim dizer, nenhuma data ideal. No entanto, e tendo em conta alguns testemunhos que recolhemos, optámos pela Primavera, por reunir algum consenso, dado que no Verão haveria mais gente no Caminho e por conseguinte haveria fortes probabilidades de alguns albergues estarem cheios.
Prometo para breve mais desenvolvimentos sobre a nossa próxima demanda para Campus Stellae! Até lá um Feliz 2010!
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texto: Sérgio Cebola
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Diário da Via da Prata - Feces de Cima a Santiago de Compostela

05-10-2007:Cruzamento de Feces de Cima/Mandin – Laza (30,7 km)



Menos de 1 mês depois estávamos de volta ao Caminho, para agora sim entrarmos na sua fase decisiva: percorrer os últimos 193 km da Via da Prata (Via de la Plata), um dos míticos Caminhos espanhóis para Santiago. Saímos de Nisa no dia 4 de Outubro de 2007, depois de almoço rumo a Vila Verde da Raia onde iríamos pernoitar na Residencial/Restaurante “O Açude”, mesmo junto à fronteira. Já conhecíamos este espaço da última jornada do Caminho, pois foi uma das nossas paragens para almoço. Antes da pernoita, parámos em Chaves para jantar no Restaurante “O Pote”, um presunto e uma posta mirandesa de comer e chorar por mais! Às 08h05 do dia seguinte iniciávamos oficialmente a nossa travessia em terras da Galiza, em plena Via da Prata, com o objectivo de chegar neste dia a Laza, a fim de pernoitar no albergue local. Tamaguelos, Mourazos, Tamagos, Cabreiroá e depois Verin a primeira das 3 cidades desta parte da Via de la Plata. Em Verin tínhamos 2 percursos para optar, seguimos via Laza, com passagem ainda por Pousa e Mixós, onde almoçámos. De tarde passámos por Estevezinhos, Vences, Arcocelos, Retorta, Matama e finalmente ao Albergue de Laza, às 17h20, já depois de termos carimbado a Credencial na Protecção Civil.

06-10-2007:Laza – Xunqueira de Ambia (33,5 km)



Às 07h35 e depois deixarmos o nosso donativo na respectiva caixa no albergue, partimos para nova travessia, desta feita, rumo a Xunqueira de Ambia. Saímos de uma cota de altitude de 400 metros, sabendo de antemão que nos esperava uma subida dura em montanha até ao cume da Serra de Requejadas a 1000 metros de altitude! O Pimpão neste dia também não se encontrava nas melhores condições físicas, fruto de um resfriado que contraiu em Chaves, que o deixou com bastante febre e praticamente afónico. Mas com a ajuda de alguns antipiréticos comprados na véspera numa farmácia em Laza, lá foi enganando a maleita! Depois de Laza o Caminho segue até Soutelo Verde, Tamicelas, com passagem obrigatória pelo “Rincón del Peregrino” na quase perdida aldeia de Albergueria, é de tudo um pouco: refugio, casa, café, supermercado! Decorado com muito bom gosto, com um mar de vieiras (conchas) no tecto, testemunho de todos os peregrinos que por ali têm passado, cestas com fruta por todo o lado, uma lareira e um simpático gato que não nos largou um minuto na expectativa de lhe darmos alguma guloseima, pois segundo nos disse o proprietário do refugio, Luís Fernández, os peregrinos habituaram-no mal! Depois daquela montanha tínhamos, de facto, chegado a um verdadeiro oásis! Ainda desfrutámos de um bom pão com presunto, bem regado com um excelente vinho branco! O Pimpão apenas saboreou o presunto já que estava a tomar os “anti-tudo”, não fosse o vinho cortar o efeito. Deixámos também o nosso testemunho numa vieira e despedimo-nos do Luís, pois o Caminho esperava por nós e nós ansiávamos por ele!


Às 12h20 chegámos a Vilar do Barrio, pelo que aproveitámos para a aconchegar o estômago com uma sopa quente num restaurante local. Enquanto o Castro, o António Almeida e a incansável Ricardina ficaram a acabar a sopa, eu e o Pimpão fomos à 2ª parte do farnel na relva do jardim de Vilar do Barrio. Na saída desta localidade e pela 2ª vez no Caminho, fomos bafejados pela sorte, pois tropeçámos noutros 10 euros, desta vez foi o Almeida, que se acabava de habilitar a pagar o próximo café e digestivo! Tema inevitável de conversa até final da etapa! Passámos ainda por Boveda, Vilar Gomarete, Bobadela (não é em Loures, em Espanha também há uma…), Padroso, Cimo de Vila, Quintela e às 17h00 em ponto a tão desejada Xunqueira de Ambia, com um albergue também com muito boas condições. Carimbámos a Credencial num café desta vila, cujo dono era o responsável pelo registo e controlo dos peregrinos.

07-10-2007: Xunqueira de Ambia – Tamalancos (38,8 km)



Depois de Xunqueira de Ambia, o estado de saúde do Pimpão agravou-se, a febre aumentou, tendo passado uma noite terrível, amaldiçoou-se um sem fim de vezes por ter dormido na fronteira de janela aberta, asneira! A partida ocorreu às 07h30 da manhã, depois do já habitual donativo depositado na caixa do albergue. O Caminho seguia até Outorelo, Pousa (a 2ª Pousa, depois da 1ª na etapa de 5 de Outubro…), Salgueiros, Gaspar, Veirada, Ousende, Penelas, Venta del Rio, Pereiras, Reboredo, Seixalbo e finalmente a imponente cidade de Ourense! Levámos mais de 1 hora para atravessar todo o vasto núcleo de Ourense, travessia que incluiu “una canha” num dos muitos bares da cidade. Passámos pela Catedral, por uma fonte de água quente, por imensas ruas e praças e pelas pontes do Rio Minho. Ourense conta com um notável acervo histórico e artístico. Atravessámos uma ponte romana, deixávamos finalmente a enorme cidade e entrávamos na povoação periférica de Cudeiro, eram 15h00, em virtude da demora na travessia de Ourense, acabámos por fazer uma espécie de almoço já fora de horas. Durante a tarde tempo ainda de passagem por Boveda (a 2ª Boveda, muito perto da outra…), para um pouco mais tarde, seriam 17h35, chegarmos Talamancos, final da jornada! Nesta etapa há a referir 2 ocorrências logísticas que vieram condicionar de certa forma a nossa programação do Caminho: o facto de Talamancos não ter albergue e por essa razão termos de nos dirigir na viatura de apoio para o albergue de Ourense e uma avaria no sistema de piscas da viatura de apoio, facto que nos levou a interromper a marcha na manhã seguinte para repararmos o respectivo problema mecânico do carro de apoio.

08-10-2007: Tamalancos – Mosteiro de Oseira (20 km)



A deslocação desde o Albergue de Ourense até ao cruzamento de Talamancos, associada à avaria nos piscas da viatura de apoio e a algum trânsito matinal, acabaram por retardar a nossa partida para nova jornada no Caminho. Certo é que para este dia tínhamos programado 1 jornada de descanso, mas como estávamos fisicamente bastante recomendáveis, decidimos de comum acordo fazermo-nos ao Caminho, ainda que ao ralenti! Começámos a caminhar às 08h00, passando por Bouzos, Faramontaos, Viduedo, Casas Novas e Cea, povoação onde decidimos parar a fim de reparar a viatura, por isso almoçámos junto à oficina da Renault desta localidade. Por maioria de razões, decidimos nessa noite ficar no Albergue de Cea, mas como ainda era cedo e a reparação do carro de apoio tinha demorado menos do que à partida prevíramos, caminhamos mais alguns km para ganhar terreno relativamente à etapa seguinte. Às 14h30 saímos do Albergue de Cea, já com os nossos haveres devidamente acondicionados, e lá fomos caminhando rumo a Oeste. À saída de Cea, voltámos a ter 2 opções: ou seguíamos o tradicional Caminho de Santiago, passando pelo Mosteiro de Oseira, ou podíamos optar pelo caminho alternativo e assim poupávamos 6 km. Qualquer das opções confluiria em Castro Dozon, uns dos pontos de passagem da etapa seguinte. Em boa hora nos decidimos pelo Mosteiro de Oseira, pelo que depois de Pieles, Ventela e Oseira, chegámos ao imponente Mosteiro quando eram 16h40 e com mais 20 km no currículo. Esta construção monástica era simplesmente fantástica: fez-nos recuar muitos anos até ao século XII e relembrar várias histórias esotéricas associadas aos Templários e a outras Ordens congéneres! Como tínhamos que esperar pela viatura de apoio, aproveitámos para matar o tempo num bar junto ao Mosteiro, onde comprámos uns “recuerdos” e bebemos umas “canhas”! É claro que o Pimpão viria mais tarde a auto flagelar-se por não ter resistido ao néctar loiro, pois voltou a ter nova recaída, acompanhada de falta de voz, só colmatada com a ingestão de mais alguns químicos. Por fim lá chegou a Ricardina ao volante do nosso carro de apoio, para nos transportar de regresso ao Albergue de Cea, onde iríamos ter o nosso merecido descanso!

09-10-2007:Mosteiro de Oseira – Silleda (39 km)



Partimos do Mosteiro de Oseira às 07h40 da manhã, sendo a fase inicial da nossa caminhada feita no tipo de terreno que mais gostamos: em plena natura e em caminhos de terra batida! A pouco e pouco lá fomos cruzando as povoações de Vilarello, Outeiro, Vidueiros e Castro Dozon, local de confluência dos 2 percursos que saíam de Cea dos quais falei no capitulo anterior. Passámos ainda por Xesta e Botos onde almoçámos. Após o merecido repasto lá retomámos a caminhada até Bendouro, Prado, Taboada e por fim Silleda, onde demos por terminada a etapa junto à tienda (loja) Mendemal quando eram 17h50, precisamente no ponto de saída para Santiago de Compostela. Silleda não tinha albergue, apenas um parque de campismo a alguns km da localidade, pelo que optámos por pernoitar no albergue de Bendouro, dado que tínhamos a facilidade de transporte no carro de apoio. Quando chegámos ao albergue verificámos que este se encontrava repleto por um grupo de jovens estudantes espanhóis, pelo que tivemos que dormir em colchões no chão. Mas nem tudo foi mau, pois ficámos num compartimento isolado e dormimos muito descansados. Lavámos alguma roupa e pusemo-la a enxugar num pequeno quintal no albergue. O Castro, a Ricardina e o Almeida decidiram ir jantar ao restaurante e, segundo relataram mais tarde, comeram muito bem! Eu e o Pimpão ficamo-nos pela muito boa cozinha do albergue onde desfrutámos uma reconfortante sopinha instantânea, atacámos o que restava do farnel do dia, um cafezinho por nós confeccionado. Até o Pimpão perdeu a cabeça e saboreou o seu 1º digestivo pós jantar, desde o início desta nossa aventura! Enquanto confeccionava a nossa sopita de pacote, sucedeu um episódio hilariante que fez as delícias do Pimpão e mais tarde dos restantes companheiros do Caminho: esqueci-me por completo da sopa na placa eléctrica do muito modernaço fogão com painel digital, ferveu e arrufou, accionando um alarme de incêndio, conclusão: era eu aflito a tentar desligar e arrefecer a placa e o Pimpão à minha volta a rir a bandeiras despregadas! Para meu conforto mental e ao fim de algum tempo de luta, o alarme lá se calou! Escusado será dizer que foi motivo de conversa no dia seguinte! “Gajos” armados em cozinheiros em cozinhas modernas é no que dá! De registar apenas que o Pimpão, nesta última noite antes da derradeira etapa, já teve um sono mais descansado, os problemas de saúde estavam finalmente debelados e quase esquecidos!

10-10-2007:Silleda – Catedral de Santiago de Compostela (42 km)




Os 42 km desta etapa foram, como quem diz, um suponhamos, porque se lhe juntarmos os km que fizemos já em Santiago à procura de um albergue com lugares vagos, que acabámos por não encontrar, é claro que fizemos mais de 50 km, mas sobre isso falaremos mais adiante. A nossa última etapa na Via de la Plata começou às 07h30, praticamente com o nascer do sol, Saímos de Silleda e seguimos até Margaride e depois Chapa, Bandeiras, Dornellas, Igreja de S. Miguel de Castro, Ponte Ulla e S. Tiaguinho, onde parámos para retemperar forças com o último almoço volante deste Caminho. Após o almoço e já com o nervoso miudinho pela proximidade da última residência do Apostolo, lá caminhámos em direcção a Rubial, Baqueixoa, Aldrei, Pineiro e Sar, de onde já se avistava a Santiago. Daqui em diante e com um derradeiro sopro de ânimo palmilhamos os últimos km até ao centro histórico da cidade, rumo à Catedral do Apostolo.
Às 18h00 do dia 10 de Outubro de 2007, após 16 etapas e 606,3 km palmilhados a penantes, alcançávamos finalmente o nosso objectivo supremo desta nossa já longa odisseia. Um sentimento misto de emoções de apoderou de nós, enquanto nos congratulávamos mutuamente pelo feito alcançado. O mais importante estava feito e registado para a posteridade, não só com fotografias, mas também, com umas “canhas” e umas “tapas” num típico bar da zona histórica de Santiago. Mas havia ainda alguns rituais a cumprir: o principal era arranjar albergue para dormir e como já em cima mencionei, esta procura veio a revelar-se um verdadeiro desaire, pois após termos percorrido a pé de lés a lés a cidade, chegámos à triste conclusão que não tínhamos cabidela em nenhum albergue de Santiago. Isto após termos calcorreado seguramente uma dúzia de km, após os 42 já realizados, pelo que estes últimos eram oferta da casa! Feitas as contas, tomámos a brilhante decisão de chamar um táxi e ir ao encontro da Ricardina que se encontrava algures à entrada de Santiago de Compostela à nossa espera, junto a umas bombas de gasolina. O objectivo agora era encontrar um “Hostal” para dormir e um lugar para sossegar o estômago. E foi o que fizemos, ficámos numa pensão bastante acolhedora na periferia de Santiago e fomos jantar calmamente numa povoação com o sugestivo nome de Susana. No dia seguinte, a 11 de Outubro aproveitámos para, mais calmamente, visitar a cidade, colocar o último carimbo na Credencial e levantar a tão aguardada Compostela na Oficina do Peregrino, comprar uns “recuerdos” para a família e amigos, visitar a Catedral de Santiago e assistir à eucaristia e beber uns aperitivos num dos muitos bares da cidade. Almoçámos já para lá de Santiago e iniciámos a viagem de regresso a Nisa já comodamente instalados na viatura de apoio, com tempo ainda para jantar pelo caminho com chegada ao nosso destino já a noite ia avançada. Estava cumprido o nosso objectivo! Mas no nosso subconsciente outro bichinho começava já a mexer, outra aventura, esta bem mais arrojada, começava já a tomar forma, pelo que mais novidades surgiriam muito em breve!

textos: António Pimpão, Sérgio Cebola
fotos: António Pimpão, Rosalino Castro, Sérgio Cebola

Diário do Caminho Português do Interior - Nisa a Vila Verde da Raia


Dia 01-12-2006: Nisa – Maxiais (43 km)




Na decisão que tomámos em realizar o Caminho Português do Interior, desde Nisa, em etapas intervaladas cronologicamente, pesou muito a situação profissional de cada um, que na altura não permitiu que tal desafio fosse enfrentado de seguida.
Pelo que, após ponderação conjunta, ficou marcada de 1 a 4 de Dezembro de 2006 a nossa primeira etapa, entre Nisa e a Guarda. Às 06h25 da manhã do primeiro dia do mês de Dezembro de 2006, e após um reconfortante café matinal no D. Dinis, iniciámos oficialmente o nosso périplo rumo à cidade galega de Santiago de Compostela, sem grandes despedidas nem foguetes à partida e após votos mútuos de boa sorte para o Caminho, seguimos pelo “Santo Menino”, Azinhaga da Fonte da Aluada, Vale Cardoso até alcançarmos uma das vias mais antigas do Concelho de Nisa: a Carreira Velha. Por ela fomos seguindo para Norte até à E.N. 18 no sentido de Vila Velha de Ródão. Junto à Horta do Sr. Joaquim Mantinha, aguardava por nós o José Carlos Monteiro a fim de registar para a posteridade a primeira foto oficial do Caminho, ainda o sol não tinha nascido. Pela Nacional 18 lá fomos seguindo tranquilamente, ao mesmo tempo que Nisa, a Vila mais a norte do Alentejo, ía ficando para trás. Tomámos o pequeno-almoço na Fonte de S. Simão e pelas 10h25 da manhã transpusemos a Ponte sobre o Rio Tejo, acabávamos de deixar o Alto Alentejo e entrávamos na Beira Baixa, às portas de Vila Velha de Ródão, tempo para uma breve paragem higiénica no café Júlio. Ainda em Vila Velha de Ródão o Pimpão foi bafejado pela sorte ao achar uma nota de 10 euros, (já tínhamos quem pagasse os cafés mais à frente!!!). Às 12h35 tempo para uma paragem mais prolongada na aldeia da Serrasqueira, os estômagos começavam a reclamar, era chegada a altura do primeiro almoço do Caminho. Pelas 17h15 e com 43 km nas pernas e nos pés, dávamos por finda a primeira jornada do Caminho, junto ao Estaleiro da Cimpor em Maxiais, já com Castelo Branco no horizonte.
Como tínhamos viatura de apoio pernoitámos no Retaxo, tomámos banho, jantámos no Centro Paroquial e dormimos no Pavilhão Desportivo.


Dia 02-12-2006: Maxiais – Alpedrinha (etapa interrompida na Zona Ind. de Castelo Branco, aos 5,4 km)

Às 06h00 da matina do dia 2 de Dezembro, recomeçámos a 2ª Jornada do Caminho, nos Maxiais, mas às 08h17 e com apenas 5,4 km efectuados demos a etapa por terminada em virtude duma lesão que contraí, ou melhor, que já tinha contraído e por não ter sido debelada em devido tempo, voltou a manifestar-se com mais intensidade e na pior altura possível, falo de uma tendinite numa virilha. Estávamos junto à Pastelaria Montalvão, em plena Zona Industrial de Castelo Branco. Como é natural voltámos a casa com algum amargo de boca.


Dia 27-01-2007:Zona Industrial de Castelo Branco – Alpedrinha (35,3 km)

1 mês e 25 dias depois, após devidamente sarada a tendinite, retomámos o Caminho onde tínhamos ficado, pelo que às 08h00 da manhã e após a respectiva dose de cafeína na Pastelaria Montalvão, fizemo-nos de novo à aventura no Caminho de Santiago. Durante a travessia da cidade de Castelo Branco tivemos a companhia de um colega de trabalho, meu e do Pimpão, o Luís Marques. Fizemos uma breve paragem em Alcains e às 13h00, percorridos já mais de 21 km, uma paragem na Lardosa para almoço. Às 17h00 e após calcorreados 35 km, chegámos a Alpedrinha, após subida prolongada até esta bonita vila, que se situa a 556 metros de altitude, em plena Serra da Gardunha. O frio foi de tal maneira intenso que durante a marcha e apesar do andamento, nunca tirámos uma única peça de roupa que fosse, as poças de água e valetas em Alpedrinha estavam em gelo às 5 da tarde, imaginem! Por apenas 10 euros por pessoa ficámos principescamente instalados num quarto com roupa lavada e saco de água quente, casa de banho e cozinha, tudo por nossa conta, isto graças à simpatia da D. Celeste que nos arrendou por 1 noite todos estes aposentos e ainda fez o favor de nos colocar sacos de água quente nas camas e 1 aquecedor na casa de banho, tal era a frialdade. Jantámos muito bem no Restaurante Cerejal, junto à E.N. 18. Na ida e vinda do jantar sentimos na pele a noite gélida que se fazia sentir, com um vento terrivelmente cortante. Muito frio no Caminho!


Dia 28-01-2007: Alpedrinha – Cruzamento do Teixoso (33,3 km)

Às 08h15 da manhã e super bem agasalhados lá seguimos para nova jornada. Por volta das 10h30 tomámos o pequeno-almoço nas Donas, freguesia do Concelho do Fundão. Foi precisamente num pequeno café deste local, quando pedíamos algumas informações sobre qual o melhor itinerário para Valverde (a pé, pois claro!), que o Castro se esqueceu das luvas, mas acabou por ter sorte, pois conseguiu recuperá-las mais tarde. Saímos da Nacional 18, passando ao lado da A23, atravessámos Valverde e depois de um troço por um extenso vale, passámos sob a A23 e retomámos de novo a E.N. 18 até Alcaria, onde chegámos às 13h00, aproveitando 1 horita de pausa para sarar males de fome e de pés…!
Às 14h00, já mais aconchegados, fizemo-nos à 2ª metade desta jornada e dela guardamos na memória a paisagem imponente da Serra da Estrela e a passagem junto à cidade da Covilhã, com o tempo a ameaçar alguma chuva. Às 16h50 demos por terminada esta etapa, junto ao cruzamento do Teixoso, vila a norte do Concelho da Covilhã. Ficámos a 35 km da Guarda.


20-02-2007: Cruzamento do Teixoso – Cubo (Guarda) (36,8 km)



No dia 20 de Fevereiro de 2007, às 07h28 da manhã, 3ª feira de Carnaval, enquanto muitos preparavam os seus cortejos carnavalescos, nós decidimos retomar o Caminho para Norte, rumo à Guarda. Foi nesta etapa que se juntou a nós o companheiro de caminhadas António de Almeida Valente. Às 09h10 tomámos o pequeno-almoço na Quinta da Lageosa, imediatamente a seguir à bonita vila de Orjais. Já depois de Belmonte, vila com fortes ligações judaicas, chegámos à Venda da Vela, já muito próximo da Guarda, eram 12h30, pelo que era boa hora para almoçar. Aproveitámos um telheiro nas traseiras de uma antiga escola primária, onde o meu super mini milagroso fogão a gás, contribuiu para o aquecimento dos nossos também super enlatados. Após o conforto dos estômagos tomámos, no único café da povoação, café e um digestivo, qual aditivo para a 2ª parte desta jornada. Às 13h30 retomámos o Caminho e às 16h15 entrámos na cidade mais alta de Portugal: Guarda, a 1056 metros de altitude! Entrámos pela famosa rotunda do G! Estava previsto terminarmos esta etapa por aqui, mas uma vez que ainda tínhamos algum tempo com luz e estávamos bem fisicamente, decidimos avançar um pouco mais, até à povoação do Cubo, e lá chegámos quando eram 17h40, não sem antes termos efectuado mais uma breve paragem para retemperar forças. De regresso a casa e após efectuadas as respectivas ligações pelo pessoal de apoio na retaguarda, tempo ainda para jantar num Restaurante já nosso velho conhecido em Alpedrinha: O Cerejal.


07-06-2007: Cubo – Trancoso (42,5 km)



Após um interregno de mais de 3 meses, conseguimos finalmente arranjar tempo para nos juntarmos de novo os 4 e voltarmos ao Caminho de Santiago de Compostela. Foi também a primeira vez que tivemos o privilégio de ter a tempo inteiro um carro de apoio, conduzido pela infatigável Ricardina. Era o carro do Rosalino Castro, que já nos tinha transportado naquela madrugada desde Nisa e acabava de nos deixar na povoação do Cubo. Eram 06h50 da manhã do dia 7 de Junho de 2007, recomeçámos onde tínhamos ficado na última jornada do Caminho: a povoação do Cubo, perto da Guarda. À medida que nos encaminhávamos cada vez mais para norte, a paisagem acompanhava também essa mudança, pelo que a Beira Alta também não foi excepção e foi com alguma satisfação que vimos os campos muito bem tratados, muita gente a tirar rendimento das terras e gente muito acolhedora, como de resto pudemos constatar ao longo de quase todo o Caminho. Foi, por isso, fantástico, constatar, à medida que íamos caminhando para Norte, quão maravilhoso era o nosso país, pela diversidade de usos e costumes, das suas paisagens e da sua gastronomia.
Passámos pelas povoações do Prado, Chãos, Porto da Carne e Vila Cortês do Mondego, onde, por volta das 10h30 da manhã, parámos para a “bucha” matinal. Retomada a marcha, passámos por Lageosa do Mondego, cruzamento de Celorico da Beira, Celorico Gare.
Às 13h00 almoçámos na povoação do Minhocal, próximo de Celorico, no meio de um imenso campo, à sombra da copa de uma enorme árvore. Pelas 15h00 bebemos café numa estação de serviço, próxima do cruzamento de Freches e às 18h00, com 42,5 km palmilhados, chegávamos à histórica Vila de Trancoso.
Pernoitámos na Pensão “Vale a Pena” e não é que valeu mesmo!!! Por 12,5 euros cada um, tivemos direito a quarto, casa de banho e garagem privativa para a viatura de apoio (isto é que é qualidade de vida, hein!!!). Jantámos num pequeno restaurante muito acolhedor, próximo da Pensão.


08-06-2007:Trancoso – Moimenta da Beira (41,1 km)



Iniciámos a etapa sensivelmente à mesma hora da véspera, pouco depois das 06h45 e ao contrário do que sucedeu mais para Sul, a distância entre povoações era cada vez mais curta. Após Trancoso, as primeiras localidades que atravessámos foram Castaíde, Rio de Mel, Vila Novinha e Benvende, onde tomámos o pequeno-almoço, 20 minutos antes das 10 da manhã. Antes do almoço passámos ainda por Ponte do Abade e às 12h45 paragem para almoço em Vila da Ponte, era importante retemperar forças! Após o repasto e o cafezinho da ordem, novamente o Caminho à nossa frente: povoações com traça bastante antiga e tradicional, como foram os casos de Penso, A de Barros, Prados de Baixo, Prados de Cima e Rua, alguns nomes muito peculiares como podem constatar!
Chegámos a Moimenta da Beira, na saída para Lamego, quando eram 17h35. Dado que no final do dia teríamos ainda que regressar a Nisa, optámos por não andar mais, até para não chegarmos muito tarde a Nisa, uma vez que o dia seguinte era de trabalho. No regresso tempo ainda para jantar na cidade da Guarda.


30-06-2007: Moimenta da Beira – Peso da Régua (43,1 km)



Uma vez mais partimos de Nisa na véspera, pois a distância de casa já começava a ser considerável. Pernoitámos na Residencial Soares e Ilda, Lda. em Vila da Ponte, depois da já termos jantado em Celorico da Beira. Às 07h15 da manhã seguinte reiniciamos o Caminho em Moimenta da Beira, até ao pequeno-almoço passámos por Alto da Portela, Leomil, Arcas, Granjinha, Paço e Granja Nova, até ao almoço atravessámos Almofada, Mondim da Beira, Dalvares, Rossas, Barroncal e Britiande, onde nesta ultima povoação, por gentileza do proprietário muito prestável de um restaurante local, nos permitiu que desfrutássemos do nosso farnel na esplanada do seu estabelecimento, à sombra de um enorme toldo, onde até a viatura de apoio teve direito a descanso, e tudo isto, sem qualquer tipo de contrapartida por parte do simpático senhor. Afinal ainda há gente boa! Retemperadas as forças e com o estômago mais aconchegado, lá partimos de novo pelo Caminho, passando por uma das cidades mais emblemáticas do Caminho Português do Interior: Lamego. Começavam também a surgir com mais frequência sinais evidentes de que estávamos na rota certa para Compostela: cruzeiros, alminhas, diversas imagens iconográficas de santos. Mais uns km palmilhados, deixando para trás Portelo de Cambres, Soalheira e por fim prestes a ultrapassar mais uma fronteira: o Rio Douro, deixávamos a Beira Alta para entrar definitivamente em Trás-os-montes e Alto Douro. Eram 19h00 quando chegámos a Peso da Régua, junto ao Cais Fluvial do Rio Douro, com diversas embarcações ancoradas. Estava concluída a 7ª etapa do Caminho! No final desta jornada pernoitámos em Lamego, na Casa de S. José, instituição religiosa que, para além de abrigo, nos disponibilizou casas de banho, duche e jantar, por valores bastante simpáticos: 20 euros por pessoa!


01-07-2007: Peso da Régua – Vila Real (30,5 km)



Tomámos o pequeno-almoço em Lamego e iniciámos a viagem de carro de ligação a Peso da Régua, para recomeçarmos o Caminho precisamente no ponto onde o tínhamos deixado na véspera. Após a já tradicional foto da praxe, abrimos a nossa jornada pedestre às 07h40. Esta foi para nós, até ao momento, a etapa mais exigente em termos de grau de dificuldade, pese embora ter sido das mais curtas. Mas também foi das mais inolvidáveis em termos de beleza paisagística, tendo como pano de fundo, claro está, as extensas vinhas do Douro, até perder de vista! Daqui tem saído para todo o mundo o famoso Vinho do Porto! Isso é que foi um sobe e desce constante, com curvas a contracurvas, com locais separados por verdadeiros abismos que tínhamos de contornar, andando muito mais para alcançar um determinado ponto, do que se fossemos em linha recta, tais eram os desníveis e obstáculos no terreno. Até que parássemos para novo reconforto de estômagos, foram ocorrendo as passagens por sucessivas encostas vinhateiras, por terras perdidas no meio de nenhures: S. João de Lobrigos, S. Miguel de Lobrigos, Santa Marta de Penaguião (onde finalmente aconchegámos o estômago), Sarnadelo, Pousada da Cumieira, Côvelo, Cumieira e Bergado, onde almoçámos numa zona altaneira e bem arejada, numa mesinha de pedra com bancos, debaixo de árvores de copa larga. Bergado, se repararem com atenção, rima com “bem regado” que foi o nosso repasto, não só durante o dito, como após o mesmo, com o café da ordem e um moscatel do outro mundo, ou não estivéssemos nós numa das suas regiões que tão bem produz este verdadeiro néctar dos Deuses! Durante a tarde passámos por Parada de Cunhos e entrámos por fim no nosso objectivo desta jornada: Vila Real! Foi um final de etapa um pouco stressante, dado que pela primeira e única vez, nos enganámos na rota (seria do néctar e companhia?), facto que nos fez perder algum tempo, por isso terminámos às 17h40, na saída de Vila Real para Vidago. A distância para a Galiza estava cada vez mais curta! Boa!


08-09-2007:Vila Real – Vidago (45,5 km)



2 Meses e 7 dias depois estávamos de volta ao Caminho! Depois da já habitual rotina de sair de Nisa de véspera, pernoitámos na Casa da Juventude de Vila Real. No dia seguinte começámos, pelas 07h20, aquela que viria a ser a maior etapa do Caminho, efectuada numa única jornada: 45,5 km! Contrariamente ao que tinha sido a última etapa, esta percorreu terrenos bem mais planos, tornando a marcha mais fácil e por conseguinte mais produtiva em termos de rendimento. Voltámos a passar por locais que ainda hoje nos estão na memória: Calçada, Gravelos, Escariz, Benagouro e Vilarinho da Samardã, onde tomámos o pequeno-almoço. Depois Côvelo, Vila Chã, Carriça e Vila Pouca de Aguiar, onde uma vez mais contámos com os préstimos do dono de um restaurante que nos deixou literalmente abancar à sombrinha do seu estabelecimento para desfrutarmos do nosso farnel e ganharmos forças para a 2ª fase da jornada.
Em boa hora decidimos acatar as dicas de um habitante local, no sentido de seguirmos por uma antiga linha de comboio que tinha sido reaproveitada e transformada num circuito pedonal, com cerca de 6 km, e que nos levaria até Pedras Salgadas, pois foi um troço bastante relaxante, muito interessante do ponto de vista paisagístico, com árvores bastante frondosas, que permitiu que caminhássemos quase sempre à sombra, estávamos no inicio de Setembro, o calor ainda persistia. Já nas Pedras Salgadas, tempo ainda para apreciarmos também o excelente reaproveitamento dado à antiga estação de comboios, onde foram instaladas pequenas lojas. A parte restante da etapa foi realizada por estrada, Sabroso de Aguiar, Oura e por fim Vidago, eram 18h50. O “descanso dos guerreiros” ocorreu na Residencial e Restaurante “O Resineiro”, onde por valores muito acessíveis, nos proporcionou “barriga dura”, dormida, água quente e um espaço para viatura de apoio! O que se poderia pedir mais!


09-09-2007:Vidago–Cruzamento de Feces de Cima (Espanha) (31,5 km)



Finalmente a derradeira etapa em território luso, a derradeira etapa no Caminho Português do Interior para Santiago, desde Nisa, a última jornada antes da Via da Prata, em território espanhol! O objectivo era chegarmos o mais cedo possível à fronteira com Espanha, Vila Verde da Raia, para regressarmos o mais cedo possível a casa. A partir da próxima etapa, tudo seria diferente, seriam quase 200 km, com regresso a Nisa, só após de termos vencido este desafio, só depois de termos chegado à Catedral do Apostolo!
Às 07h15 fizemo-nos ao Caminho e fomos quase sempre a velocidade de cruzeiro, o objectivo estava próximo, tudo sem grandes pressas, sem grandes stresses! Saboreámos o pequeno-almoço em Vila Nova, já depois de termos passado por Vilarinho das Paranheiras, Vilela do Tâmega e Bóbeda. Mais para o fim da manhã Outeiro Jusão e finalmente a chegada e travessia da cidade de Chaves e Vila Verde da Raia, onde parámos para almoçar, apenas a escassas centenas de metros da fronteira.
O objectivo para este dia estava cumprido, ao fim de 10 etapas tínhamos chegado ao fim do Caminho Português do Interior e prestes a entrar na Via da Prata em Espanha. Mas ainda assim, decidimos aproveitar algum tempo que ainda tínhamos, tempo sempre precioso, por isso avançámos um pouco mais e entrámos pela Galiza adentro, passando pela primeira povoação espanhola designada por Feces de Abaixo, um pouco mais adiante demos a jornada por terminada no cruzamento de Feces de Abaixo com Mandin, precisamente junto ao primeiro marco que encontrámos do Caminho de Santiago de Compostela, que indicava 193,578 km para a cidade onde repousa o Apóstolo.


textos: António Pimpão, Sérgio Cebola
fotos: António Pimpão, Sérgio Cebola, Rosalino Castro

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A sinalética

Actualmente, o Caminho de Santiago é sinalizado por vieiras (conchas), por setas amarelas e por placas. Em muitas partes do Caminho a vieira aparece associada a um marco com a distância quilométrica para a cidade do Apostolo. No entanto aconselha-se sempre o recurso a um mapa, a um guia e a um GPS como complemento à sinalética convencionada para o Caminho de Santiago de Compostela.


MARCOS


A vieira é colocada no sentido do Caminho. Por baixo a distância para Santiago de Compostela


SETAS AMARELAS

As “Flechas Amarillas” principal sinalização do actual Caminho de Santiago, começaram a ser pintadas em 1980 pelo Padre Elías Valiña Sanpedro, Pároco do Cebreiro, a primeira localidade galega do Caminho Francês. Desde então foram-se espalhando por todos os caminhos e actualmente são o meio mais seguro de seguir o Caminho de Santiago sem grandes preocupações. A razão porque as setas são amarelas e não de outra cor tem também uma explicação… São amarelas apenas porque começaram por ser pintadas com o resto da tinta de marcação de umas obras na estrada, que os trabalhadores ofereceram ao Padre Elías.


Orientam o sentido do Caminho. No entanto há que ter cuidado com determinadas setas, colocadas deliberadamente por meliantes para induzir os peregrinos em erro.




SETAS AZUIS


Indicam o Caminho de Santiago para Fátima. Poderão surgir setas azuis que normalmente apontam no sentido contrário e que indicam o Caminho de Fátima, para orientação dos Peregrinos que de Santiago de Compostela se dirigem a Fátima.


PLACAS



No Concelho de Nisa, na Freguesia de Alpalhão temos placas deste tipo.


VIEIRAS

Inicialmente, o caminho era assinalado pela Vieira de Santiago (Concha de Santiago) que se apresenta sob a forma de elementos de bronze, de cerâmica, de etiquetas, de gravuras e podem surgir implantadas em paredes, muros ou no chão. O sentido a seguir é indicado pelos “dedos” da vieira, ou seja, o lado aberto da concha indica a direcção de Santiago de Compostela.




Única excepção a esta norma: Existe apenas uma vieira na marcação do Caminho em que os “dedos” apontam para baixo, mas neste caso há uma justificação… ela está em Muxia/Finisterra – o fim do Caminho (e o Fim da Terra).



Depois de o Caminho de Santiago ter sido classificado como Itinerário Cultural do Conselho da Europa, a concha estilizada amarela sobre fundo azul foi assumida como símbolo identificador europeu do Caminho de Santiago.


PLACAS COM INDICAÇÃO DE SENTIDO

Atenção a esta situação: pode induzir o peregrino a seguir na direcção errada, dado que a vieira está incorrectamente colocada, pois deveria estar posicionada com os “dedos” no sentido da seta. São os “dedos” da vieira que indicam o sentido do Caminho.



Exemplos de sinalética errada



Exemplo correcto: como deve ser colocada a vieira, ou seja, sempre virada com os “dedos” no sentido da seta.

imagens:
António Pimpão, Sérgio Cebola
http://acaminhodesantiago.wordpress.com/
textos:
António Pimpão, Sérgio Cebola
http://acaminhodesantiago.wordpress.com/


A Compostela



A Compostela é um documento entregue pela “Oficina de Acogida de Peregrinos”, em Santiago de Compostela, a todos os peregrinos que a desejem e que provem, através da apresentação da sua credencial – devidamente carimbada por todos os albergues onde passou – que percorreram pelo menos 100km do Caminho de Santiago (a pé ou a cavalo) ou 200km de bicicleta. É uma espécie de diploma de participação que comprova que o peregrino chegou ao destino por "pietis causa". Em 1985, foi solicitada por 2491 pessoas e em 1999 (Ano Santo), por mais de 250000 peregrinos a pé, a cavalo e de bicicleta.

A Compostela será outorgada pelo Secretário Capitular. A “Oficina de Acogida Al Peregrino”, situa-se na Rua do Vilar, 1, 15705 Santiago de Compostela, telefone (+34) 981562419 e encontra-se aberta todos os dias, entre as 09h00 e as 21h00.

Tradução da “Compostela”

“O capítulo desta Venerável Igreja Apostólica e Metropolitana Compostelana, guardiã do selo do Altar do bem-aventurado Apóstolo Thiago, que a todos os Fiéis e peregrinos vindos de todo o Orbe terrestre, por sentimento de devoção ou por motivo de promessa, à moradade Nosso Apóstolo Patrono e Protetor dos Espanhóis, São Thiago fornece autêntico certificado de visitação.A todos e a cada um que vier examinar esta presente, faz saber que …………………….……….…………………… visitou devotadamente este sacratíssimo templo por motivo de fé. A ele confiro o presente documento como testemunho, munido do selo desta mesma Santa Igreja.
Data da Compostela, dia … do mês de … do ano do Senhor… e no selo do documento está escrito: Selo do Capítulo de São Thiago de Compostela”

A Credencial do Peregrino




A Credencial tem origem nas “cartas de apresentação” e “salvo-condutos” que os peregrinos levavam na época medieval e que lhes concediam certos privilégios. Nos tempos modernos, servem para obter acesso aos albergues oficiais e apoio das autoridades durante a peregrinação. É entregue aos peregrinos em associações e igrejas, mas cada vez mais peregrinos optam por fazer a sua própria credencial. Caso não consiga obter uma credencial, pode pedir ao pároco da sua paróquia uma carta que ateste que vai peregrinar a Santiago dentro do “espírito cristão” com os carimbos de certificação. Ou fazer um “Diário de Peregrinação” num caderno, com algumas folhas dedicadas aos carimbos.



Aconselhamos o contacto com a seguinte associação para tratar de qualquer assunto relacionado com o pedido de credenciais:

Associação Espaço Jacobeus
CAB – Centro Académico de Braga
Praça da Faculdade, 16
Apartado 3056
4711-906 BRAGA


A Credencial deverá ser carimbada, pelo menos duas vezes por dia, nos locais de passagem e de pernoita e a sua apresentação nos albergues é condição fundamental para ser recebido.
Pedido de Credenciais: http://www.jacobeus.web.pt/

Textos: António Pimpão, Sérgio Cebola, http://ceg.fcsh.unl.pt/site/santiago8.asp

Um pouco da história do Caminho de Santiago



Segundo a lenda católica, após a dispersão dos Apóstolos pelo mundo, Santiago foi pregar em regiões longínquas, passando algum tempo em Espanha, na Galiza. Quando voltou à Palestina, no ano 44, foi preso e decapitado, a mando de Herodes Agrippa I, filho de Aristobulus e neto de Herodes o Grande. Dois de seus discípulos, Teodoro e Atanásio, roubaram o corpo do mestre e embarcaram-no (num barco com tripulação angélica) e em sete dias chegaram à Galiza e a Iria Flávia onde o sepultaram, secretamente, num bosque de nome Libredón.

Não há certezas quanto à data da descoberta do sepulcro apostólico, mas a maioria das fontes católicas apontam datas entre 813 e 820. A lenda conta que um ermitão do bosque de Libredón, de nome Pelágio (ou Pelaio), observou durante algumas noites seguidas uma “chuva de estrelas” sobre um monte do bosque. Avisado das luzes, o bispo de Iria Flávia, Teodomiro, ordenou escavações e encontrou uma arca de mármore com os ossos do santo e dos seus discípulos.

No “Campus Stellae” – de onde se crê provir a palavra Compostela – foi erigida uma capela para proteger a tumba do apóstolo que se tornou um símbolo da resistência cristã aos ataques dos mouros. A partir do ano 1000 as peregrinações a Santiago popularizam-se, tornando-se a cidade num dos principais centros de peregrinação cristã (a par de Roma e Jerusalém); é também nesta altura que surgem os primeiros relatos de peregrinos que viajaram a Compostela.

No século XII é publicado o primeiro guia do peregrino (do Caminho Francês) – o Códice Calixtino (ou Liber Sancti Jacobi) atribuído ao Papa Calixto II, que proclama ainda que quando o dia do Santo (25 de Julho) é num Domingo, esse é um Ano Santo Jacobeu (com especiais bênçãos e privilégios espirituais para os peregrinos). Grupos de peregrinos começam a chegar de toda a Europa, desenvolvendo as cidades por onde passam, sendo o Caminho Francês o mais utilizado.

O Caminho de Santiago, tal como relatado no Códice Calixtino, é em terra o desenho da Via Láctea, porque esta rota se situa directamente sob a Via Láctea que indica a direcção de Santiago, servindo assim, na Idade Média, de orientação durante a noite aos peregrinos. Esta associação deu ao Caminho o nome de Caminho das Estrelas e fez com que a chuva de estrelas seja um dos símbolos do culto Jacobeu, juntamente com a Vieira, a Cabaça e o Bordão.

No século XII o padre francês Américo Picaud escreveu cinco livros contando a história da vida do apóstolo, e os caminhos que o levaram a Santiago. Naquela época o lugar foi considerado santo pela Igreja Católica.

Já em 1962, a Espanha declarou o caminho de Santiago património histórico e artístico do país, pois nele existem igrejas e monumentos do século X.

Desde a década de oitenta muitos místicos, magos e terapeutas fazem deste caminho um circuito de autoconhecimento, em busca de paz interior. Os peregrinos são facilmente identificados: usam um cajado para lhes servir de apoio nos trechos mais difíceis ou para se defenderem dos lobos e trapaceiros que estão no caminho, uma capa curta para protegê-los do sol e da chuva, chapéu de abas largas, uma bolsa de couro e uma caixa de primeiros socorros.

A tradição pede que os andarilhos enfeitem as mochilas com conchas, pois são o símbolo do peregrino, uma espécie de símbolo do "santiaguista". Carregam também uma pequena cruz em forma de espada, a protecção de São Tiago Mata-Mouros. Lembrando outra lenda, em Maio de 844 um príncipe venceu os mouros com a ajuda milagrosa de Santiago.

Existe ainda outra tradição: o Papa Alexandre III estabeleceu que seriam considerados anos santos compostelanos aqueles em que o dia 25 de Julho, dia de São Tiago, calhasse num domingo. A popularidade do caminho de Compostela é tão grande em todo o mundo, que em vários países existem grupos de peregrinos que se reúnem para tirar suas dúvidas, e contam com o apoio da Federação de Associações de Amigos do Caminho de Santiago de Compostela, sediada na Espanha. A melhor época para se fazer a peregrinação é em Abril e Outubro.

O Caminho de Santiago atingiu o máximo esplendor nos séculos XI e XII. Nas últimas décadas voltou a ganhar protagonismo, sendo convertido num itinerário espiritual e cultural de primeira ordem. Foi declarado Primeiro Itinerário Cultural Europeu (1987) e Património da Humanidade na Espanha (1993) e França (1998).

No mês de Julho muitos peregrinos, místicos e terapeutas de índole cristã percorrem o caminho de Santiago de Compostela em busca do auto-conhecimento, da purificação e da paz interior, repetindo uma tradição de quase dez séculos de existência. Por esse caminho passaram reis, nobres, guerreiros, sábios e ignorantes.

Muitos são levados a percorrer o caminho em busca do cumprimento de uma penitência e outros por prestígio, pois no final da peregrinação recebe-se um certificado, antigo costume que ainda hoje se mantém.

Existem vários Caminhos que percorrem toda a Europa e que afluem a Santiago de Compostela, sendo que o mais famoso é sem dúvida o chamado Caminho Francês que atravessa a Fronteira Franco-Espanhola nos Pirenéus e atravessa todo o norte de Espanha.

O nosso Concelho faz parte de uma das rotas deste caminho milenar, havendo registos e relatos da passagem de peregrinos por estas bandas desde a idade média.

A esta Rota, que atravessa o nosso Concelho e aparece mencionada na obra de Humberto Baquero Moreno, “VIAS PORTUGUESAS DE PEREGRINAÇÂO A SANTIAGO DE COMPOSTELA” em que relata um assalto a um casal de peregrinos alemães, cujo julgamento decorreu em Nisa, designa-se por Caminho Português do Interior.

imagem: Hieronymus Bosch, 1500-1502, O peregrino, Museum Boymans-van Beuningen, Rotterdam
fontes:
http://ceg.fcsh.unl.pt/site/principal.asp
http://www.portugalmistico.com/


A Programação do Caminho Português do Interior

Algures durante o segundo semestre de 2006, ao final de um belo dia, estávamos nós na companhia de mais alguns comparsas de caminhadas, a beber umas “bejecas” num dos variadíssimos locais de culto de Nisa, quando o Castro, companheiro de longas caminhadas, nos propôs, entre dois goles do maravilhoso néctar loiro, a realização do seguinte desafio: a travessia de uma das rotas mais antigas do planeta Terra: O CAMINHO DE SANTIAGO DE COMPOSTELA, que há mais de 12 séculos tem sido percorrido a pé, de cavalo e, mais recentemente, de bicicleta, unindo, através desta rota, vários pontos da Europa rumo a um mesmo objectivo: a cidade galega de Santiago de Compostela.



O entusiasmo foi, na altura, geral e gizaram-se logo imensos planos e ideias, pelo que à partida e antes de mais demandas, ficaram estabelecidos 4 pressupostos:

1 - Qual o Caminho a percorrer, dado a existência de vários Caminhos;
2 - A data de inicio do Caminho;
3 - A metodologia para a realização do Caminho;
4 - Os caminheiros e a equipa de apoio.

1 – Foi do consenso geral que se iríamos sair de Nisa, obviamente que o objectivo seria trilhar o Caminho Português do Interior que nos levaria até à fronteira com Espanha a seguir a Chaves, mais precisamente em Vila Verde da Raia. Na Galiza seria só seguir a Via da Prata até Santiago de Compostela;

2 – Começaríamos o Caminho no dia 1 de Dezembro de 2006;

3 – A metodologia adoptada foi, em Portugal, percorrer o Caminho em etapas intervaladas no calendário e em Espanha realizar as etapas seguidas, aproveitando a fabulosa rede de albergues e as condições por eles proporcionadas. Em termos logísticos pensámos em percorrer as etapas em semi-autonomia, transportando na mochila o essencial, contando apenas com a colaboração de alguns amigos que, em viatura própria, nos foram prestando apoio na retaguarda; os pequenos-almoços e almoços seriam volantes e práticos com o objectivo serem facilmente transportáveis na mochila; tentaríamos, pelo menos, fazer uma refeição quente, de preferência ao jantar em restaurantes localizados no final de cada etapa; na altura desta programação, nem de longe nem de perto, sonhávamos que iríamos conseguir vencer o nosso desafio em 16 etapas! Mas conseguimo-lo!

4 – Como referi mais acima, o entusiasmo inicial acabou por se ir esfumando à mesma velocidade que o desafio se ia aproximando, pelo que quando se realizou a derradeira reunião de planeamento, no Monte Claro, apenas compareceram “moi-même”, o Pimpão e o Castro, os mesmíssimos que, na madrugada do dia 1 de Dezembro de 2006 por volta das 06h00, arrancaram a “penantes” da Praça da República em Nisa.



Só alguns km mais tarde, no dia 20 de Fevereiro de 2007, na etapa Teixoso – Cubo, se juntou a nós, para não mais nos deixar, o companheiro António Almeida Valente, disponibilizando a sua viatura e respectivo atrelado para apoio na retaguarda, conduzida pela incansável Ricardina, que tanto nos “aturou”, nos bons e nos maus momentos, durante as etapas do Caminho, principalmente nas etapas de Junho de 2007, com o calor já a fazer das suas, lá estava a Ricardina a abastecer-nos de água fresca, sempre com palavras de conforto, tratando de toda a logística, o que nos foi sempre mantendo o moral em alta, pelo que, para ela vão naturalmente as nossas mais sentidas palavras de apreço e agradecimento.




Aproveito esta deixa para agradecer, em nome de todos, aos amigos que nos ajudaram também a tornar realidade a nossa primeira aventura no Caminho de Santiago de Compostela: José Carlos Monteiro, Miguel Patrocínio, Pedro Ferrer, José Basso, Miguel Mota Pais e Anabela Mota Pais. Este agradecimento é também extensível à Junta de Freguesia de Cebolais de Cima e ao Centro de Dia do Retaxo. Uma nota também de agradecimento para o Castro por ter disponibilizado a sua viatura para apoio no inicio do Caminho, conduzido pela Ricardina.
Textos: Sérgio Cebola
mapas: http://ceg.fcsh.unl.pt/site/principal.asp

Andar a pé: como tudo começou


Como tudo na vida terá, por certo, uma razão de ser, também a nossa paixão pela descoberta do que nos rodeia foi motivada pelo simples facto de o gostarmos de fazer da forma que mais prazer e adrenalina nos dá: a pé! Iniciámos as nossas lides pedestrianistas em períodos cronológicos diferentes:
- Comigo tudo começou com a preparação e realização da 1ª Rota do Contrabando, estávamos
então no alvorecer do novo milénio, mais precisamente em Maio de 2000;
- Com o António Pimpão foi em Março de 2004, durante a realização da 2ª Mega Caminhada entre Nisa e a Serra da Estrela, como ele costuma dizer em jeito de graça “ia só para dar apoio logístico”, mas em boa altura decidiu acompanhar os caminheiros na difícil subida da Serra da Gardunha, desde esse saudoso dia não mais parou de tentar descobrir o mundo a pé;
- Com o Rosalino Castro tudo começou nas aventuras e andanças da Mega Caminhada Nisa – Fátima (No Trilho do Santuário II), em Março de 2005. Foi um desafio bastante sofrido em virtude de uma tendinite que contraiu durante esta difícil travessia, mas desenganem-se os que pensavam que este nosso companheiro iria desistir de descobrir as maravilhas do mundo a pé, pois é hoje um dos maiores entusiastas no que toca à realização de caminhadas em geral, e das travessias de grande rota em particular. Desde então temos realizado e ajudado a realizar diversas actividades pedestrianistas quer no Concelho de Nisa, quer noutros pontos do pais e também no estrangeiro. Passo a passo, etapa a etapa, temos, ao longo destes últimos anos, trilhado uma fatia considerável de quilómetros e conhecendo o mundo de uma outra perspectiva,em nossa opinião bastante mais estimulante e motivante.

Textos: Sérgio Cebola

O Pedestrianismo no Concelho de Nisa



“O Pedestrianismo, entendido como o desporto dos que andam a pé, surgiu no Concelho de Nisa enquanto actividade enquadrada, no dia 21 de Maio de 2000 com a realização da “I Rota do Contrabando” que ligou Salavessa a Cedillo, organizada pela “INIJOVEM – Associação para Iniciativas para a Juventude de Nisa”, sob proposta de um grupo muito restrito de sócios que, em colaboração com a Direcção desta colectividade, em boa hora apostou na modalidade, que tem a particularidade de englobar as componentes desportiva, cultural, turística e social.

De realçar a abertura que tiveram os então Presidente e Vice-Presidente da Direcção, respectivamente José Maia e Sérgio Cebola, que ouviram a proposta do associado Bento Semedo no sentido de se reavivar memórias de outros tempos, através da realização de uma caminhada que assinalasse as rotas dos contrabandistas entre o Concelho de Nisa e a vizinha Estremadura espanhola, mais precisamente Cedillo. Estiveram também envolvidos naquela organização os associados da INIJOVEM, José Louro, Marco Moura e Rafael Cebola. Logo na sua primeira edição a Rota do Contrabando fez história, ao registar 80 participantes portugueses e espanhóis, sucesso para o qual muito contribuiu o grande envolvimento e abertura do Alcaide de Cedillo D. António Riscado, que desde a primeira hora mostrou sempre enorme empenho, dedicação e motivação para apoiar esta iniciativa.

Estava dado o mote para que, a partir daqui, se partisse para outros desafios congéneres, através da organização de outras caminhadas noutros locais aprazíveis do nosso Concelho. Foi a INIJOVEM que deu a conhecer a muito boa gente locais hoje de referência, tais como o Muro de Sirga, junto ao Rio Tejo, na Amieira e o Conhal do Arneiro. Surgiram depois as primeiras caminhadas nocturnas, como percursos alternativos nos meses mais quentes.

De forma gradual e progressiva, esta Associação foi aumentando, em quantidade e qualidade, as actividades pedestrianistas, atraindo cada vez mais público: sócios e não sócios, jovens e menos jovens, oriundos não só do Concelho de Nisa, mas também de outros pontos do país e da nossa vizinha Espanha.

A INIJOVEM foi não só pioneira no incremento desta modalidade, como também influenciou, directa ou indirectamente, outras colectividades e instituições na divulgação do pedestrianismo, como por exemplo a criação pelo Municipio de Nisa de uma Rede de Percursos Pedestres, homologados pela Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, em Março de 2005. As primeiras grandes travessias pedestres surgiram também da colaboração entre o Municipio de Nisa, Aventurnis (empresa local de animação turística) e INIJOVEM, de onde se destacam as travessias “Nisa – Fátima”, “Nisa – Serra da Estrela”, “Fátima – Serra da Estrela” e “Nisa – Badajoz”.

Também outras colectividades concelhias têm promovido e divulgado a modalidade, entre quais se destacam as Associações “NisaViva”, “Aptos – Associação de Pais de Tolosa” e o “Centro Recreativo e Cultural Os Amigos do Pé da Serra”.

Fruto da aposta na modalidade do pedestrianismo, a INIJOVEM filiou-se em Outubro de 2002 na Federação Portuguesa de Campismo (hoje Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal), com vários objectivos, nomeadamente, poder candidatar iniciativas ao Calendário Nacional de Actividades de Montanhismo e Pedestrianismo como é o caso da Rota do Contrabando. Resultado desta filiação é também o facto de a Associação ter emitido, a associados seus, através do Organismo em causa, uma quantidade significativa de cartas desportivas (de Montanheiro e de Campista).

Uma palavra final de apreço e reconhecimento ao associado nº 8 e fundador da INIJOVEM, João José Quinteiro, que, na qualidade de membro da 1ª Direcção eleita em Assembleia-geral, já na altura ter tido uma observação visionária ao dizer que uma das apostas da Associação seria a realização de “caminhadas”, e de facto, alguns anos mais tarde essa aposta viria a ser ganha.”

imagem: INIJOVEM, VIII Rota do Contrabando, 2007
fonte: http://inijovem.110mb.com/