quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Dez conselhos para que o Caminho de Santiago não termine em resgate


A cada ano que passa, os serviços de emergência veem-se obrigados a auxiliar dezenas de peregrinos que acabam desorientados e presos no meio da neve. Os últimos, foram um grupo de coreanos que tiveram que ser resgatados da montanha por um tractor


1º - Consultar a previsão do tempo

Consultar o boletim meteorológico antes de iniciar cada etapa do Caminho de Santiago, é uma condição indispensável para chegar à meta sem mais problemas do que as bolhas.  Os coreanos que no passado dia 24 de Janeiro tiveram que ser resgatados pelos Bombeiros da Navarra, foram surpreendidos por um intenso nevão que os deixou totalmente isolados. A zona estava em alerta em virtude do temporal. 


2º - Calçado e roupa adequados

Os impermeáveis são um vestuário básico ao longo do todo a ano. É imprescindível levar calçado muito cómodo e elástico, sempre adequado aos aguaceiros que podem cair durante a rota. Os peritos recomendam dois pares de calças, roupa interior, jersey e forro polar para o verão e para o inverno parka com forro polar e revestida de teflon. Um impermeável é básico e também uns óculos de sol, chapéu e gorro, creme solar de alta protecção para fazer frente a situações imprevistas, porque o tempo durante o caminho de Santiago é bastante atreito a mudanças. 


3º - O peso da mochila

A mochila nunca deve pesar mais de 10 kg. Um problema dos principiantes no Caminho de Santiago é o peso que geralmente têm as suas mochilas na hora de empreender a viagem. É que parece sempre pouco e os perigos inexperientes tendem a carregar às suas costas demasiada roupa e calçado que, no fim de contas, acabam por se tornar um fardo. Tendo em conta que a mochila é um elemento que o caminheiro terá que carregar ao longo do dia, é necessário reduzir o seu peso ao mínimo possível, de modo a que não supere 10% ou 12% do peso corporal. Em caso algum deverá exceder os 10 kg, já incluindo a água.


4º - Alimentos ligeiros e uma pitada de sal

O gasto energético necessário para realizar o Caminho de Santiago é muito superior ao de uma jornada quotidiana, pelo que haverá que compensar este desgaste com uma boa alimentação. Os profissionais do Caminho dizem que o mais aconselhável é começar o dia com um pequeno-almoço completo e energético que ajude a realizar os primeiros quilómetros. Durante o percurso é vital comer alimentos ligeiros e nunca comidas em abundância. A refeição mais forte do dia deverá deixar-se para o final do dia. Para além de ir sempre provido de água, é uma boa ideia levar uma pitada de sal algum doce na mochila.  


5º - Escolher a estação do ano

Embora qualquer época seja boa para iniciar o Caminho até à tumba do Apóstolo Santiago, há que ter presentes as condições climatéricas para não ter surpresas. Alguns sítios da web especializados aponta os meses que vão de Abril a Outubro, como os mais recomendáveis, porque a maior parte dos albergues estão abertos e a temperatura é mais amena. Nos meses de verão o calor é mais intenso e é mais complicado encontrar alojamento, sobretudo na Galiza. No inverno, os nevões nas zonas de montanha são frequentes e perigosos, se não se está preparado. Também há menos horas de luz e as mochilas deverão levar mais peso. 



6º - O telemóvel sempre carregado

Todos os albergues dispõem de tomadas eléctricas para carregar os telefones dos peregrinos. Uma das motivações que leva muitos caminheiros a iniciar esta marcha milenar é a espiritualidade. A solidão, o relaxar e o “desligar”, são algumas virtudes desta rota que podem ver-se perturbadas com a presença de um telemóvel. Contudo, esta invenção da vida moderna, pode ser um bom aliado em situações de perigo. Também se revela como básico se te perdes ou se sais da rota. Uma peregrina do Texas foi resgatada pelos Bombeiros de Lugo, depois de estar quatro horas perdida e deambulando pela montanha, graças ao seu telemóvel. Nos albergues geralmente nunca há problemas para carregar a bateria dos telemóveis nas tomadas livres.  


7º - Estojo de farmácia

Na mochila não devem faltar os cremes e as ligaduras. Embora a mochila deva ir o mais leve possível, é conveniente ir prevenido para as pequenas lesões que as largas horas de caminhada podem causar. Para além das pomadas para o atrito e algum analgésico, é recomendável saber como atuar em situações prováveis, como golpes de calor. O afectado deve colocar-se em lugar fresco, beber água ou bebidas isotónicas com um pouco de sal ou de bicarbonato, em intervalos de tempo. Em caso de dores musculares, as massagens com um preparado de loções ajuda sempre


8º - Documentação

Nunca se deve perder as mochilas de vista. Bilhete de Identidade ou documento equivalente, cartão de saúde, diário do Caminho, dinheiro e cartões de débito/crédito, nunca devem faltar. É aconselhável ter cuidado com os roubos, sobretudo nos albergues, e manter a documentação e o dinheiro bem guardado. Com a Credencial, os peregrinos, podem obter de cuidados médicos em todos os centros de saúde do Caminho.


9º - Não mais de 30 km

Os peregrinos devem estar conscientes do seu nível físico. Uma boa preparação física é vital para que o Caminho não termine antes de chegar à Praça do Obradoiro. Para além de ser muito importante treinar caminhando durante as semanas que antecedem a peregrinação, os peritos aconselham que nos primeiros dias as etapas não ultrapassem os 15 a 20 km. A partir do 5º ou 6º dia poder-se-á aumentar os quilómetros das etapas, sempre sem ultrapassar a barreira dos 30 diários.


10º - Não isolar-se demasiado

É recomendável ter sempre localizado algum grupo de peregrinos. São muitos os peregrinos que decidem iniciar esta rota para se desligarem do dia-a-dia e para se encontrarem a si mesmos. Fazer o Caminho em solitário é uma experiência positiva que muitos valorizam, mas há que ter em conta os seus perigos, para poder preveni-los. Ter sempre localizado algum grupo de pessoas, não andar sozinho em zonas complicadas e evitar acampar sem companhia, são noções básicas para que a viagem acabe bem.


Fonte: http://www.abc.es/