Dia 2 de Outubro, Viagem Nisa/Vila Velha de Ródão/Porto
Aproveitei a boleia de Nisa para Ródão com os amigos António Parreira e Graça, que me deixaram na estação de comboios e continuaram até Castelo Branco. Aguardei até às 15h49 pelo intercidades que fazia a ligação entre a Covilhã e Lisboa. No Entroncamento aguardei até às 18h30 pelo intercidades Lisboa/Porto. Enquanto isso aproveitei a espera para costurar uma das t-shirts que estava rota e nem tinha reparado nisso ao seleccioná-la para o Caminho! Situação que só veio comprovar que o peregrino terá que estar sempre preparado para toas a eventualidades! O comboio chegou à Campanhã com cerca de 10 minutos de atraso, muito por força da tormenta que se abatera no norte do país, nomeadamente, a partir de Aveiro! O Manuel Correia já me aguardava e já me tinha ligado, só que estava sem bateria no telemóvel...! Com ele segui de carro até à sua casa em Gondomar. Conheci as suas simpáticas esposa, a Marta e filha, a Matilde! Foi um serão muito agradável e em muito boa companhia, após um jantar retemperador!
Dia 3 de Outubro, Viagem Porto/Vigo/La Corunha/Ferrol
Depois do amigo Manel me ter deixado na estação da Campanhã, tirei os bilhetes até Ferrol (incluindo o da volta de Vigo para o Porto, no dia 11 de Outubro, todos os descontos eram preciosos...). Parti do Porto às 08h15 da manhã e cheguei, após os enlaces em Vigo e La Corunha, a Ferrol às 15h46 (hora espanhola). Aproveitei a tarde para um reconhecimento pela cidade, nomeadamente para ir até ao Cais das Curuxeiras, junto ao marco de inicio do Caminho Inglês. Tirei as primeiras fotos, fiz algumas perguntas aos transeuntes, carimbei a credencial na oficina de turismo da Xunta da Galicia (na rua da Madalena), uma vez que a suposta oficina que daria apoio ao inicio da travessia, estava fechada! Como o último autocarro para Covas só saía às 19h15 (junto ao mercado), aproveitei para dar continuidade ao meu périplo turístico pela parte mais antiga desta cidade portuária galega, o que inclui as inevitáveis canhas e tapas...eheheh...! À hora marcada lá fui no autocarro até Covas, onde cheguei cerca de meia hora depois. Não foi difícil chegar ao albergue do Caminho de Teixído, graças às preciosas dicas do motorista. Estava fechado, liguei de imediato ao hospitaleiro, o Suso, que de imediato me trouxe a chave e me deixou à vontade! Instalei-me, registei-me (o que incluiu o carimbo oficial do inicio do Caminho Inglês), tomei um duche tão necessário como retemperador)! Entretanto já estava registado no albergue um peregrino de Madrid, o Felipe, que tinha chegado mais cedo e, entretanto, fizera um dos percursos pedestres de Covas e no dia seguinte também seguiria para Ferrol para fazer o Caminho Inglês! Já me esquecia de mencionar que, ao inicio da manhã na estação da Campanhã, também estava uma peregrina portuguesa que ía para Ponferrada, presumi que para fazer a parte final do Caminho Francês. Jantei (por sugestão do Suso) no café Muralla, entradas que incluiram mexilhões em azeite e vinagre, um excelente vinho tinto Mencía, uma vitela estufada, sobremesa, café solo e o inevitável xupito de aguardente blanca, tudo por 21 euros, é verdade, foi o dobro de um menú peregrino, mas como não tinha pago pensão, de mal o menos, foi também uma vez sem exemplo, como vos poderei comprovar pelo relato dos dias de peregrinação até Compostela!
Dia 4 de Outubro, 1ª etapa (Ferrol - Pontedeume, 30 km aprox.)
Apesar de só ter autocarro às 09h45 para Ferrol, mesmo assim levantei-me bem cedo, fui acordado não apenas pelo despertador do telemóvel, mas também por algumas melgas persistentes que voaram e picaram amiúde pela noite fora! Tomei um desayuno bem vespertino num bar nas imediações da paragem do autocarro, composto por um cola cao quente e um croissant de chocolate. O autocarro chegou a Ferrol cerca das 10h15 da manhã na paragem junto ao mercado, já perto do Cais das Curuxeiras e por conseguinte do inicio do Caminho! Despedi-me do Felipe que ainda precisava de ir a uma farmácia e fui caminhando até ao marco de pedra! Cumprindo todo o ritual final que antecedeu a minha partida, às 10h35 deis os primeiros passos oficiais no Caminho Inglês, entrando na rua Carmen Curuxeiras, após ter ultrapassado um arco em pedra. Imediatamente a seguir estava uma placa sinalizando um curto desvio provisório em virtude de obras nessa rua. A primeira parte do percurso teve por companhia o porto de Ferrol, os seus estaleiros navais, o polígono industrial de A Gandára, o mar e uma ou outra praia! Um pouco antes de Xubia o Caminho de S. Andrés de Teixído separa do de Santiago, muito bem sinalizado! Posso dizer que consegui sair, sem dificuldade de maior, da zona urbana de Ferrol, graças a uma sinalização muito razoável, graças ao guia que o Suso (hospitaleiro de Covas) me mandou e graças também a uma outra informação dos moradores de Ferrol! Por volta das 13h00 cruzei o albergue de Neda que se encontrava ainda fechado! Posso também adiantar-vos que do albergue até ao centro de Neda ainda é uma distãncia considerável, ficando mais perto para quem lá pernoite, ir comprar algo ou comer e Narón! Às 14h00 parei num bar na avenida central de Neda, estava a meio da jornada, justificava-se, por isso, uma pausa retemperadora! E assim foi! Um bocadillo (que deu para 2 refeições) e duas canhas! Carimbei a credencial! Entretanto caiu uma trovoada que, felizmente, parou quando retomei o Caminho! Depois de passar pela praia da Madalena, avistei a magnifica ponte medieval de 15 arcos que ligava a Pontedeume, eram 17h25 quando cheguei ao albergue com indicação na porta que só abriria às 19h30! Liguei para uma serie de números de telefone e de telemóvel sem sucesso! Quando estava já a perder a esperança e a ponderar alojamento alternativo, surgiu o hospitaleiro acompanhado do filho! Paguei 5 euros com direito a chave, que mais se poderia pedir! Ficaram também no albergue 2 senhoras que não percebi a nacionalidade e que andavam a visitar as Fragas do Eume e 2 peregrinas, a Ana de Alicante em Espanha e a Alex de Inglaterra que tinham também saído de Ferrol nessa manhã! Já em Neda tinha passado por um peregrino de Barcelona que por ali ficou e já não continuou até Pontedeume. Comprei comida num supermercado DIA, mantimentos que deram não apenas para o jantar dessa noite, como também para alguns desayunos que antecederam as jornadas seguintes! Depois de jantar fui até uma esplanada de um bar do centro e bebi uma água com gás, gelo e limão (aprendi com o meu amigo peregrino do Brasil Alexandre Bittar), uma boa receita em certas alturas, como esta...! Recolhi ao albergue por voltas das 22h00 e já não dei conta do regresso da Ana e da Alex que tinham ido jantar!
Dia 5 de Outubro, 2ª etapa (Pontedeume - Betanzos, 21,7 km aprox.)
Iniciei a etapa bem cedo, às 07h30 da manhã, mesmo assim com a diferença horária para Portugal, só começou a clarear por volta das 08h15. Uma subida de respeito logo na saída de Pontedeume, que se prolongou por cerca de 2 km. Às 09h45 parei em Miño para um café retemperador e para carimbar a credencial. A Sra. do bar era portuguesa, facto que serviu para desanuviar o ambiente. Perguntei-lhe se passavam muitos portugueses por este Caminho, disse-me que sim, mas mais durante o verão. Retomei o Caminho meia hora depois e avistei uma peregrina junto à igreja de S. Pantaleón de las Viñas. Parei para tirar umas fotos ao templo e não mais vi esta peregrina (presumi que tivesse ficado parada nalgum local...). Como seria de esperar cheguei bem cedo à bonita cidade de Betanzos, eram 12h20! O facto de ter saído bem cedo e de a etapa ser substancialmente mais curta fez com que a jornada fosse mais suave, o que, bem vistas as coisas, permitiria descansar, visitar a cidade e programar as coisas para a etapa seguinte com tranquilidade acrescida! Como o albergue só abria às 13h00 aproveitei para retemperar forças na praça junto ao complexo das igrejas, num banco de madeira debaixo de um alpendre. Degustei um segundo desayuno mais composto e mais prolongado. Como seria de esperar e dado que se tratava do mais recente albergue do Caminho Inglês, era muito acolhedor e com excelentes condições! Após o habitual ritual no albergue, fiz uma sesta reparadora e por voltas das 16h30 encetei um breve périplo turístico pelas igrejas, museu e biblioteca (que tinha net gratuita, mas estava fechada...). Numa das muitas esplanadas da Praça García Hermanos bebi 2 canhas que me assentaram de tal forma tão bem, que quase estive tentado a uma terceira...mas não...decidi ir ao supermercado às compras! Comprei fruta, queijo, chouriço, pão e água! O suficiente para alguma emergência ou imprevisto durante o Caminho! Por volta das 20h00 e nas imediações da dita Praça García Hermanos degustei um menú do dia por apenas 6,50 euros, composto por sopa de grão com calos (um especié de dobrada...), frango frito com batata frita, um copo de tinto Ribeiro, gelado e café! Digam lá que não valeu a pena? Um verdadeiro menú peregrino! Pela excelente relação preço/qualidade! No regresso ao albergue reencontrei a Ana e a Alex, já instaladas e prestes a inicarem um jantar partilhado! Convidaram-me para beber um copo de vinho na sua companhia e assim fiz! Em amena cavaqueira fizemos um ponto de situação das jornadas entretanto percorridas e fizemos uma antevisão das etapas seguintes. Foi um momento de relaxamento que nos fez muito bem ao corpo e mente a que se seguiu um sono retemperador para a jornada seguinte!
Dia 6 de Outubro, 3 ª etapa (Betanzos - Bruma, 27,3 km aprox.)
Arriscaria a dizer que foi a partir desta etapa que comecei a desfrutar mais do Caminho! Não me perguntei porquê...ainda assim arriscaria a dizer que talvez já me estivesse a habituar à ideia de caminhar em solitário! É no fundo aquele sentimento antagónico de primeiro se estranhar e depois se entranhar ou ainda que primeiro surgem os fantasmas e depois aprendemos a conviver com eles...eheheh...! Enfim o que vos sei dizer é que no meu terceiro dia no Caminho Inglês senti mais tranquilidade o que, lá está, proporcionou mais desfrute do Caminho! Às 07h30 comecei (ou melhor) recomecei a caminhar e atravessei a ainda tranquila Praça García Hermanos, com um ou outro boémio no rescaldo da noitada! Após a ponte velha de As Cascas, sobre o rio Mendo, tive alguma dificuldade em me orientar, já na saida da cidade, uma vez que me escapou uma seta no chão logo após a ponte, fruto da pouca luz aquela hora da manhã! Valeu-me um grupo de jovens notívagos que me indicaram a rota certa! Salvo algumas breves pausas higiénicas ou para tirar uma ou outra foto, apenas parei em Vilacoba, na amplamente divulgada Casa Júlia, às 11h30, 4 horas depois de ter saído de Betanzos! Como levava comida na mochila, pedi 2 canhas para acompanhar e um café solo no fim para rebater o repasto! O simpático jovem que me atendeu ainda me ofereceu um chupa-chupa, dizia ele para ajudar na subida! Foram 40 minutos de retemperadora pausa! Preparei-me então para a tão badalada subida de Bruma, no dizer de alguns tipo "mata-cavalos", mas que a meu ver a montanha apenas pariu um rato, pois tirando os cerca de 4 km entre Vilacoba e Vizoño, esses sim dignos do epíteto "subida", toda a restante etapa foi perfeitamente tranquila! Às 14h51 cheguei à simpática, acolhedora e muita sossegada aldeia de Bruma, o albergue situa-se junto ao caminho para O Mesón do Vento! Aguardei alguns instantes até surgir uma simpática senhora que me registou. Mais tarde fiquei a saber tratar-se da esposa do hospitaleiro, o Sr. Benino, um Homem com H grande! O verdadeiro amigo do peregrino! Disse-me várias vezes que mais valia eu fazer todas as perguntas que me assaltavam o espirito, do que ficar com alguma duvida! Fez-me um mapa para apanhar o autocarro, na manhã seguinte, em Mesón do Vento, deu-me dicas importantíssimas em relação a variante do Caminho em La Corunha, providenciou o jantar (vindo de uma restaurante local) a quem não se quissesse deslocar a Mesón do Vento para comprar alimentação, enfim, um Homem incansável na ajuda ao peregrino! Posso afiançar com grande grau de certeza que, em 6 Caminhos já percorridos, não encontrei igual! Bem-haja, Sr. Benino! Lá mais para o final da tarde chegaram as minhas já "velhas" conhecidas Ana e Alex! Jantámos os três no albergue e brindámos à amizade e ao Caminho! Trocámos emails para a partilha de fotos pós-Caminho! Já mais tarde chegou jovem casal espanhol vindos da Corunha, que me disse raios e coriscos da sinalização, algo que veio reforçar a minha apreensão em relação a esta variante! Mas estava decidido a caminhar também desde a igreja de Santiago em La Corunha e iria fazê-lo, custasse o que custasse!
Dia 7 de Outubro, 4ª etapa, La Corunha - Bruma (parte 1: La Corunha - Alvedro, 13 km aprox.)
Aquilo que à partida eu tinha programado como uma jornada de turismo na cidade de La Corunha, sofreu algumas alterações por força da deficiente sinalização da parte inicial deste troço, situação que me foi confirmada pelo Sr. Benino e pelo casal espanhol que chegara tardiamente a Bruma por força dessa má sinalização! O Sr. Benino aconselhou-me taxativamente a apanhar um autocarro até Alvedro e caminhar só a partir daí até Bruma, onde a sinalização já se encontra em condições de orientar o peregrino! Mas, bolas, eu não tinha viajado de tão longe para fazer Caminho de carro, para além de não ficar bem com a minha consciência, iria contra todos os meus principios neste tipo de andanças! Contudo a sugestão do Sr. Benino acabou por dar uma outra ideia: poderia dividir a etapa em 2, dado que até Alvedro seriam apenas 13 km, o que me daria algum tempo para desfrutar em La Corunha, se bem que, continuo-o a achar que turismo não combina muito bem com fazer o Caminho, pelo que destinei outro dia e uma outra noite para passar nesta cidade no final de outra peregrinação, a cidade merece uma visita mais apurada! Levantei-me um pouco mais tarde, às 07h00, preparei a mochila, tomei um pequeno-almoço rápido, despedi-me da Ana e da Alex e, com o mapa do Sr. Benino em punho, fui até O Mesón do Vento para apanhar o autocarro até La Corunha! Às 08h50 parti até ao meu destino, o que levou cerca de 30 minutos! Da estação de autocarros fiz todo o trajeto a pé, pela Avenida da Marina, até à cidade velha e à igreja de Santiago, onde iniciaria oficialmente esta variante! Durante o percurso travei conversa com uma jovem bicigrina da Argentina que tinha terminado o Caminho Francês e estava de visita à cidade, encaminhava-se para a Torre de Hércules! Separámo-nos junto à igreja de Santiago que, para variar estava fechada (mais estranho ainda por ser dia festivo na cidade, Sra. do Rosário, se bem percebi), o local que tinha referenciado como venda e ponto para carimbar a credencial também não tinha ninguém, a maioria das pessoas não sabia nada sobre o Caminho, foi uma verdadeira aventura conseguir um carimbo dentro da cidade e uma aventura maior ainda sair da sua imensa parte urbana pelo Caminho! Desde a igreja até à saída da cidade só encontrei um seta amarela e um marco! Valeu-me o guia com o nome das ruas que eu levava e um ou outro transeunte a quem ía perguntando, nomeadamente, um simpático ancião que me guiou desde O Burgo até nuito próximo de Alvedro! Com a passeata pela cidade, algumas fotos e uma breve paragem numa esplanada da imensa Avenida da Marinha para um café e um croissant, já passava das 11h00 da manhã quando me fiz ao Caminho! Por volta das 13h30 já próximo do Polígono Industrial de Alvedro fiz uma pausa higiénica, comi uma laranja, bebi água, recarreguei baterias para a parte final! Às 14h00 cheguei a Alvedro, junto a duas pensões: a primeira de nome A Gramalheira esta completa, registei-me na segunda La Paz, por 17 euros! Estava mesmo necessitado de um bom banho de água quente, de relaxar pernas e, acima de tudo, pés que se encontravam um pouco desgastados e massacrados muito por causa do muito alcatrão acumulado. Mas felizmente tive muito tempo para descansar e recuperar convenientemente, pelo que não poderia ter tomado melhor decisão do que adiantar Caminho e ficar logo em Alvedro! O resto do dia não teve história, pois Alvedro não tinha muito para ver, foi apenas descanso, interrompido a espaços, a meio da tarde para 2 canhas no bar da pensão e ao principio da noite para uma cena retemperadora por apenas 6,50 euros!
8 de Outubro, 4ª etapa, La Corunha - Bruma (parte 2: Alvedro - Bruma, 21 km aprox.)
Às 07h30 da manhã recomecei o Caminho e voltei à etapa La Corunha - Bruma, para calcorrear o troço Alvedro-Bruma, contudo tive que voltar à pensão para recuperar o guia das etapas que me havia esquecido no balcão da recepção, felizmente lembrei-me a tempo...eheheh! Antes bebi um cola cao quente com bolos no bar/restaurante da pensão La Paz! Confirmei que, de facto, a sinalização estava muito melhor do que no troço inicial, apenas tive que procurar uma vieira mais escondida nas imediações de Cambre, mais porcausa da falta de luz natural do que por outra coisa, ainda estava um pouco escuro. Apesar de maior foi, naturalmente, uma etapa muito mais tranquila, deu para desfrutar muito mais! Às 10h00 e a cerca de 9 km de Bruma, parei num bar em Sarandós, tomei um café solo, carimbei a credencial e troquei umas impressões com a senhora do bar. Ainda em Sarandós parei na saída da localidade, descansei um pouco mais, entre uns pedaços de chocolate e uns quantos frutos secos. Dado que Bruma se situa no ponto de maior altitude do Caminho Inglês (422 m), a parte final é sempre em subida, reconheci o local onde confluem os dois caminhos, junto a uma granja de criação de porcos. Às 12h30 cheguei pela segunda vez ao albergue de Bruma! Já lá se encontravam 2 peregrinas que pareceram ser de nacionalidade alemã. Pouco depois chegou o Sr. Benino que ficou agradavelmente surpreendido de eu já me encontrar ali! Servi de tradutor às peregrinas no diálogo com o simpático hospitaleiro. Depois das habituais tarefas no albergue que passaram por lavagem de roupa, duche quente, descanso e recuperação física e de comer alguma coisa com 1 lata de cerveja tirada na máquina do albergue, fui até O Mesón do Vento (com o precioso auxílio de mais um excelente mapa desenhado pelo Sr. Benino...) fazer compras ao supermercado! Decidi fazer o jantar no albergue e comprei mais qualquer coisa para "desayunar". Entre o ir e vir e tempo que levei a fazer as compras não chegou a 1 hora! Já no retorno a Bruma cruzei-me com uma terceira peregrina alemã (do mesmo grupo das outras 2...) que concerteza também ía às compras! Ao final da tarde chegou um grupo de portugueses (de Braga e da Figueira da Foz) que caminhavam com um bébé de 4 meses num carrinho! Descansaram um pouco e continuaram até Mesón do Vento, onde ficariam num hotel! Pouco depois chegaram mais 2 peregrinos portugueses (Porto e Maia), que tinham saído de Miño, etapa bastante larga com cerca de 39 km! De seu nome Duarte e Silvério (que em 2012 caminhara com o Leonel no Caminho Português...como o mundo é pequeno). Após as apresentações, partilhámos o jantar no albergue que a essa hora se apresentava já bastante concorrido: as 3 alemãs, nós 3 portugueses mais 2 espanhóis e 1 espanhola, todos do mesmo grupo que tinham chegado mais tarde! Mais tarde despedi-me calorosamente do Sr. Benino, agradecendo-lhe todo o apoio que me tinha prestado...seria difícil esquecer tanta generosidade! Recordo as suas palavras na despedida "quando voltares a passar, por cá estarei para o que precisares...!", fica a foto que ele tirei, para a posteridade!
Dia 9 de Outubro (5ª etapa: Bruma - Sigueiro, 24,2 km aprox.)
À hora do costume, 07h30 da manhã, a peregrina do grupo dos espanhóis, tirou-nos uma foto, ao grupo dos portugas, antes do inicio da caminhada! Cerca das 09h15 parámos num café em Buscas para um café solo e para carimbar a credencial! Dado que não iriamos passar por mais nenhum café antes de Sigueiro, decidimos, por volta das 11h30, parar numa parte bastante aprazível do Caminho, com bastante sombra, para desfrutarmos de alguma comida e bebida, descansar e recarregar baterias para a derradeira parte da jornada! Fazendo fé na informação que nos fora, entretanto, prestada por 2 anciões, estávamos a cerca de 7 km de Sigueiro! Deparámo-nos com uma enorme reta nos últimos 4 km de Caminho! Já na entrada de Sigueiro, parámos num aprazível jardim com um riacho, descansámos um pouco, entre algumas fotos! A etapa estava vencida! Já no centro da cidade, por volta das 14h30, e antes do hostal Mirás (onde ficaríamos nessa noite...) voltámos a parar, desta feita numa esplanada de um bar para umas "canhas" (o Duarte preferiu Aquarius...) e umas tapas! Voltámos a carimbar a credencial! Já no hostal, ficámos num quarto triplo por 15 euros que, tendo em conta que a casa de banho e os duches eram de uso comum, por 12 ou 12,50 teria sido mais do preço justo! Já para não falar na aventura para descobrir o quarto nº 12...eheheh...! Odisseia que acabou no quarto nº1...eheheh...! Jantámos na Pulperia Rias um churrasco de cerdo, bem regado com verde tinto bebido em malga (a fazer lembrar Ponte de Lima e Melide...). Ainda alvitrámos pedir pulpo, mas o churrasco não permitiu mais veleidades! Regressámos ao hostal para o sono reparador, contudo, o Silvério ainda desceu ao bar para uma cerveja e para conversar com a senhora que nos recebera à chegada...ainda o rescaldo do quarto nº 12...eheheh!
Dia 10 de Outubro (6ª etapa: Sigueiro - Santiago, 18 km aprox.)
Voltámos a iniciar às 07h30, mas não sem antes beber um café solo no bar do hostal Mirás. Foi um dos trechos mais bonitos do Caminho Inglês, desde Sigueiro até ao Polígono Industrial do Tambre, onde, para além da bonita paisagem, o sol nascente e a neblina matinal vieram acrescentar beleza a esta parte do Caminho, proporcionando algumas fotos muito bonitas! A 5 km de Santiago parámos no bar Polígono (na dita zona industrial...) para beber café, carimbar a credencial e recuperar ânimo e forças para a parte final! Cerca de 2 km mais à frente e já paredes meias com Santiago, avistámos pela primeira vez as torres da catedral, momento que registámos para a posteridade com a respetiva foto! Às 11h40 chegámos, finalmente, à Praça do Obradoiro, depois da passagem pelo Convento de S. Francisco! Mais uma vez tive aquela sensação de que cada chegada é como se fosse sempre a primeira, e esta não fugiu à regra, por um conjunto de razões, foi a primeira vez em solitário (pese embora a 2 derradeiras jornadas terem sido percorridas em excelente companhia...), não ter sido um Caminho particularmente fácil, enfim...foi sentir que se ultrapassaram todas as contingências da travessia e que de novo se chegou a bom porto! A Praça continuava a receber muita gente, peregrinos dos vários Caminhos, bicigrinos, turigrinos e turistas...! Registámos o momento a preceito, demos as boas novas para casa! Às 12h15 fomos circulando até à Oficina do Peregrino (que agora recebe os peregrinos no R/C...) onde recebemos a Compostela! Pouco depois das 12h30 fomos até à catedral assistir à missa do peregrino. Após a Eucaristia encontrámos um casal de peregrinos portugueses que vinham do Caminho de Fisterra, com quem travámos amena cavaqueira! Convidei os meus companheiros Duarte e Silvério a partilhar comigo o almoço no meu já velho conhecido café a Cepa, onde se come muito bem por 7 euros (ainda mais barato do que a última vez em que paguei 7,50 euros). Comida caseira, tipicamente aquela de que qualquer peregrino necessita, ainda por cima a um preço excelente! Pouco depois das 14h30 despedi-me dos meus amigos que ao final da tarde partiriam de comboio até Vigo, onde tinha deixado o carro para continuarem até ao Porto. Encontrei um albergue (La Estrella de Santiago) a meio trajeto entre a Porta do Caminho e a catedral, com um preço simpático (10 euros), decidi por lá ficar! Depois de me instalar, do duche e da habitual pausa para descanso, dei um passeio pela cidade, fui à catedral para um momento de reflexão e abraçar o Santo! Como tinha bastante tempo disponível prolonguei o passeio até à estação dos comboios e comprei o bilhete até Vigo para a manhã seguinte! Escrevi estas linhas pouco depois das 19h34, no bar O'Barranquillo, paredes meias com o albergue, no meio de uma água com gás, gelo e limão (receita infalível do meu inesquecível amigo peregrino Alexandre Bittar), na mesa tinha também azeitonas que não comi, o almoço bem composto e tardio ainda pesava no estômago, tanto que até recusei tapas sugeridas pelo simpático barman. Pouco depois das 20h00 fui tranquilamente até ao Cepa para uma derradeira "cena" peregrina, de que destaco uma reconfortante sopa quente e uma merluza (pescada) com batata frita! Terminado o repasto fiz o passeio de regresso ao albergue, terminando mais uma estadia em Santiago da Galiza e terminando, por conseguinte, o meu 6º Caminho para Santiago!
