quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Desta vez é a solo!


No inicio, a minha motivação para o Caminho foi o gosto por caminhar, por acompanhar amigos, por medir os meus próprios limites, para ganhar a experiência de uma caminhada de vários dias seguidos e a curiosidade por um Caminho carregado de história.                                                                                             

Depois… há os aspectos inexplicáveis do chamamento e da minha motivação! A única certeza era de que o Caminho devia ser feito de novo, não só por impulso religioso, mas também por forte necessidade de fortalecimento espiritual, de busca de paz interior e de momentos de introspecção intensos, que só em locais como Santiago ou Fátima eu encontro.

Porém, na verdade, essa plenitude não se encontra e se esgota na Catedral de Santiago, mas sim na forma como se faz o Caminho até este templo, na fé, na reflexão e maneira como meditamos sobre a vida, na abertura e relacionamento intercultural, na forma de ultrapassar a barreira linguística, na solidariedade, entreajuda, companheirismo e apoio aos outros e a nós próprios, nas novas experiências, na rotina dos albergues, na importância dada à simplicidade e na descoberta de coisas e sítios novos, na aventura, na forma de ultrapassar os vários obstáculos que se nos deparam, no desapego por coisas supérfluas, na demanda por novidades, no sossego, na calma, na paz, na alegria da superação de obstáculos, na sensibilidade e contemplação do património edificado, religioso, natural, humano, no conhecer dos limites físicos e psicológicos, nas privações a que estamos sujeitos, na descoberta do passado através de narrações, histórias, lendas, na religiosidade, misticismo, tradições, costumes, gastronomia, na liberdade e autonomia com que enfrentamos o Caminho e sobretudo no facto de nele estarmos todos em pé de igualdade, independentemente da nossa raça, religião ou estatuto social dado que ali somos simplesmente peregrinos e donos do nosso Caminho, seja ele qual for…!

Desta vez irei sozinho, só através da experimentação poderei concluir qual a melhor forma de peregrinar, se em grupo ou a solo, espero que esta experiência me dê também essa resposta e quem sabe no futuro possa dizer que no fundo o que interessa é traçar metas e atingi-las e que tudo o resto são pormenores.

Além disso, busco incessantemente no Caminho, um sentido para a vida, busco um encontro comigo mesmo no intuito de encontrar respostas que normalmente não consigo vislumbrar no dia-a-dia, busco a beleza das pessoas, paisagens e lugares inconfundíveis, carregados de lendas, histórias e tradições, busco a forma de manter a minha saúde física e mental, busco os sabores e odores do Caminho, busco o derrubar de barreiras culturais e linguísticas, busco e procuro novas amizades, busco por vezes o isolamento, busco o desafio de vencer barreiras e a emoção de conseguir superá-las e por fim busco todos os motivos e mais algum que me deem a desculpa de voltar de novo ao Caminho e tentar mais uma vez encontrar o motivo exato que me tem levado fazê-lo!

Texto: António Pimpão
Imagem: Arco de Capera: (Cáparra, Oliva de Plasencia, Cáceres)
Fonte da Imagem: http://m.forocoches.com

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Três viagens e um só destino: Somport!


Faltam menos de 5 meses para iniciarmos o Caminho Aragonês! Tudo se apronta para a realização de mais uma travessia peregrina! O que têm em comum S.Paulo, Joué-Les-Tours e Nisa? São três pontos de partida, no Brasil, em França e em Portugal, de onde viajarão quatro amigos pereginos, Alexandre Bittar, António Delfino, Leonel Gomes e Sérgio Cebola, para um novo reencontro num só destino: Somport, inicio do Caminho Aragonês! Trata-se de uma via do Caminho de Santiago que ocorre desde esta passagem de montanha até Puente La Reina (enlaçando no Caminho Francês em Obanos, cerca de 2 km antes de Puente La Reina). Somport ou "Summus Portus" como era designado pelos romanos, é uma passagem na montanha pirenaica fronteiriça com França, que se situa a mais de 1.600 metros de altitude. O traçado do Caminho Aragonês tem 165 km, podendo ser realizado em 5, 6 ou 7 jornadas a pé, conforme a condição física e a disponibilidade de tempo de cada um. O Caminho Aragonês tem a sua origem num dos quatro Caminhos medievais de peregrinação mais importantes procedentes de França: o Caminho de Arles (Via Tolosana). Era utilizado pelos peregrinos que vinham do sul de França e de Itália. Segundo informação do site GRONZE, trata-se do segundo Caminho mais frequentado por peregrinos e caminheiros. Atravessa as comunidades autónomas de Aragão (Huesca e Saragoça) e Navarra. Pois será, precisamente, em Somport que estes quatro amigos peregrinos se irão encontrar daqui por menos de 150 dias, para, juntos, descerem os Pirinéus até Puente La Reina ao longo de 5 jornadas, depois continuar ao longo de mais 24 jornadas até Santiago de Compostela e, finalmente, mais 4 dias até Múxia e Finisterra! É mais uma aventura arrojada que, a forte amizade que os une e o gosto pelas longas travessias a pé, irá concerteza contribuir para colmatar dificuldades que possam surgir! Para já e no imediato, apenas lanço um primeiro apelo aos meus companheiros de jornada, para unirmos esforços no sentido de iniciar a peregrinação ainda no dia 19 de Abril de 2013 (pelas razões que todos já sabemos...) até (pelo menos) ao primeiro albergue depois de Somport! Penso que estará ao nosso alcance este objectivo inicial, contudo, aguardemos mais desenvolvimentos no respeitante aos planos de viagem de cada um, para que possamos decidir em conformidade e de forma unânime! 

Foto: Puerto de Somport (autoria: Javi Mayor)
Recurso Internet: www.gronze.com