quinta-feira, 17 de março de 2011

A volta ao caminho de Santiago


A principal pergunta: o que leva uma pessoa a abandonar sua zona de conforto, sua rotina, seus rótulos, sua cômoda inércia e se aventurar no desconhecido? O que você encontrou por lá peregrino, que não pode encontrar aqui, sentado no seu sofá, assistindo ao seu programa predileto, ou mesmo passeando no parque de sua cidade? Qual peregrino sabe responder precisamente a esta e outras perguntas que se lhe impõem? Você voltou de lá mudado? O que foi que você vivenciou? Por que quer voltar novamente? Andar 900km, ou 250km, que seja; você está maluco!

Pois, à minha maneira de ver, o peregrinar é como uma legítima iniciação, ou seja, só conhece a verdadeira iluminação aquele que a vive e, como em qualquer iniciação, nem todos conseguem apreende-la. Por isso alguns (muitos) voltam a peregrinar e outros (poucos) continuam não vendo sentido naquilo tudo, bem como muitos outros deixam o caminho não só por problemas físicos, mas sim por não estarem preparados mentalmente naquele momento. Cansamos de ver pessoas que não “deveriam” lá estar, mas perseveravam com bravura invejável como a Fátima que subia os Pirineus incansavelmente mesmo estando na fila de espera de um transplante de coração!?!? ou a moça holandesa que caminhava com feridas terríveis nas pernas ou mesmo um peregrino que vi de muletas. Dá para avaliar quantos casos de extrema determinação como estes poucos citados, estão ocorrendo neste exato momento? De minha parte, ou seja, em minha experiência pessoal, ganhei inúmeros “presentes” do caminho, alguns subjetivos, como auto-conhecimento e outros bem objetivos. Dentre os últimos, uma das maiores aquisições que um ser humano pode conceber: a AMIZADE, verdadeira e incondicional. Além dos nossos queridos amigos brasileiros, Ernani, Antonio Sergio, Cris, João José e Maria Zélia e os espanhóis Luis e Javi, sai do caminho com fortíssimos laços de amizade com quatro portugueses sensacionais: Antonio Delfino, Antonio Pimpão, Rosalino Castro e Sergio Cebola e ainda de quebra ganhei como presente extra o contato que mantenho (Facebook ou telefone) com suas digníssimas esposas. Apenas um dos ensinamentos do caminho: bastaram 24 dias para se formar um elo inexpugnável e eterno. Somente isto já bastaria!! Por essas e outras, voltei de lá mudado, creio eu, para uma pessoa melhor e mais completa. O Sergio me impôs a questão: por que voltar? Meu irmão, se tudo o que relatei já não bastasse, somente por ter a valiosa oportunidade de rever meus queridos amigos, a viagem já teria valido a pena sem contar com os bônus extras que o caminho SEMPRE nos proporciona. Agradeço à paciência dos queridos amigos e leitores deste Blogue, bem como ao espaço que me foi concedido.


Saudações peregrinas.


Texto e foto: Alexandre S. Bittar

quarta-feira, 16 de março de 2011

domingo, 13 de março de 2011

12 km Manteigas-Penhas Douradas

Inicio da subida em Manteigas
Vista de Manteigas, na subida para Penhas Douradas
Começou a nevar já nas Penhas Douradas
Forte Nevão
A "3ª parte" em Valhelhas
Não podiam faltar os enchidos de Nisa
A foto de grupo junto ao Rio Zêzere
4 "aspirantes" ao Caminho Português

A XXIX edição dos 12 km entre Manteigas e Penhas Douradas, que hoje se realizou em plena Serra da Estrela, teve vários pratos fortes: uma subida de fazer respeito aos mais destemidos, a fazer lembrar a 1ª etapa do Caminho Francês nos Pirenéus, uma paisagem de fazer cortar a respiração à medida que a subida progredia, um nevoeiro quase cerrado salpicado com alguma chuva e a "cereja em cima do bolo" foi, de facto, o nevão que caiu já nas Penhas Douradas, muito perto do fim da caminhada! Os meus parabéns à organização (CCD da Câmara Municipal de Manteigas), pois colocou pontos de reabastecimento em locais cruciais deste percurso, água, laranjas e no final para aquecer os ânimos, chá quente e bolos, isto são o que eu chamo pequenos (grandes pormenores), não custam muito dinheiro e o participante agradece! No final e após a recepção das lembranças (t-shirt e placa em madeira alusiva ao evento), descemos, em autocarro da organização, até Manteigas. No Parque de Merendas de Valhelhas teve lugar a "3ª parte" da actividade com um repasto de se lhe tirar o chapéu, como de resto poderão comprovar nas fotografias. O desgaste foi assinalável, pelo que retemperar forças era mais do que necessário! Uma palavra de apreço para os companheiros: António Almeida, António Moroso Fernandes, António Pimpão, Cruz Semedo, José Luis Cardoso, Leonel Gomes, Maria Isabel Semedo e Rosalino Castro, que uma vez mais não quiseram perder a oportunidade de caminhar de forma salutar e em contacto directo com a natureza! Para os "aspirantes" ao Caminho Português foi um treino de elite! A menos de um mês de iniciar o Caminho é aconselhável aumentar o grau de dificuldade, sendo que esta actividade se encaixou na perfeição para esse efeito! Ficou encontro marcado para o dia 26 de Março, na XII Rota do Contrabando, entre Montalvão e Cedillo, até lá boas caminhadas!