terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A sustentável leveza de permanecer no CAMINHO!

“ (….) Falta-me soltá-lo aos quatro ventos, para depois segui-lo por onde for (…) ou então bebê-lo como um vinho, que dá força pró caminho, quando a força faltar.”

“O teu nome”, Miguel Gameiro

Será que alguma vez, após termos privado com o Caminho de Santiago, conseguiremos abstrair-nos por completo do seu âmago? Não creio! A vontade de voltar é tão ou mais intensa do que a motivação inicial que nos impeliu para a primeira travessia! É de tal forma que o nosso espírito não sossega até estabelecermos nova data para o regresso. É inevitável regressar! Faz-nos tão bem! O ritual recomeça, se é que alguma vez foi interrompido, com toda a nova programação para um próximo Caminho, primeiro no nosso imaginário, depois com a preciosa muleta do ciberespaço, começamos a percorrer os primeiros quilómetros, a visualizar os locais mais míticos e de referência. Depois volta o dilema entre a consciência e a nossa inseparável companheira de jornada: a mochila! O que levar? Mas mais relevante ainda, o que não levar? Um contínuo mete e tira e tira e mete até ao peso ideal. Depois os treinos, percorrendo caminhos e trilhos, que nos vão reforçando a confiança e a motivação à medida que se aproxima o inevitável reencontro! Em cada passo que damos, regressam como “flashbacks”, os momentos já vividos e começam também a desenhar-se mentalmente os hipotéticos cenários com que nos iremos deparar na próxima travessia! É por isso muito ténue a linha que separa a viagem espiritual da viagem física, qual sustentável leveza que nos mantém intimamente ligados à magia da Rota Jacobea! È na diversidade dos Caminhos para “Campus Stellae” que reside umas das principais riquezas desta rota ancestral, que nos permite um contacto multicultural, quer entre peregrinos, quer também com os habitantes das diversas regiões que cada um dos Caminhos atravessa, quer ainda no contacto com o património natural e cultural dessas regiões. É o fascínio pela descoberta do desconhecido, pela conquista de metas, pela aventura, pela liberdade, pela tranquilidade e pela paz de espírito! È da soma destas partes e destes factores que resulta toda a motivação que nos prende, enfeitiça e impele para sucessivas travessias, sempre no CAMINHO certo!

Foto: Caminho de Finisterra
Autoria: Alexandre Bittar