quinta-feira, 1 de julho de 2010

Caminho de Santiago no Concelho de Nisa


A NISA VIVA – Associação dos Naturais e Amigos do Municipio de Nisa, propõe-se realizar durante o mês de Julho mais uma edição do passeio “À Descoberta do Património”, desta feita percorrendo a pé o Caminho de Santiago no Concelho de Nisa. A iniciativa conta com a colaboração do Municipio de Nisa e das Juntas de Freguesia de Alpalhão, do Espírito Santo, de Nossa Senhora de Graça e de S. Simão. Os passeios pedestres terão lugar nos dias 3, 10, 17 e 25 de Julho de 2010. A 1ª etapa é já no próximo sábado, dia 3 de Julho, “Do Sor ao Telheiro” (Alpalhão), todas as pessoas interessadas em participar deverão inscrever-se junto da Associação NISA VIVA, através do telefone 245 412230 ou do email nisaviva@gmail.com, na Biblioteca Municipal de Nisa, através do telefone 245 412806 ou em qualquer umas das Juntas de Freguesia acima mencionadas. Para a 1ª etapa, os participantes deverão concentrar-se às 08h00, junto ao Cine Teatro de Nisa, donde partirão de autocarro até ao local de realização da caminhada.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

O Diário do Caminho: Epílogo

No albergue de Orisson (o inicio) em França

O André (Bélgica)

A Cris(tiane) (Brasil)

O António Sérgio e o Alexandre (Brasil)

O Javi e o Luís (Espanha)

O Hernâni (Brasil)

O António (Espanha)

A Ângela (México)

O Kiko e a Georgette (Espanha)

O Rafael (Brasil)

O João José e a Maria Zélia (Brasil)

O Dominique (França)

O Pepe (Espanha)

Com o Alexandre em Santiago (o regresso)

Com estas linhas encerro em definitivo o tema “Diário do Caminho”, referente à nossa fantástica aventura na travessia do Caminho Real Francês de Santiago de Compostela, desde o sul de França até ao Cabo Fisterra e até Múxia na costa da Galiza, durante a qual foram percorridos a pé mais de 900 km, em 30 dias! Foi o relato possível, sendo certo que foram por nós vividas intensas emoções e experimentadas muitas sensações que, infelizmente, não podem ser transpostas para as páginas deste (nem de nenhum outro…) diário! Só mesmo a experiência vivida pode reflectir o sentimento! Posso dizer que me sinto muito satisfeito e realizado por ter tido a oportunidade única de percorrer o Caminho Francês, de ter conhecido locais fantásticos, de ter conhecido boa gente e, acima de tudo, de ter feito Amigos do Coração, Amigos que, estou certo, ficarão para todo o sempre! Penso que este será também o sentimento dos meus companheiros de jornada! Várias ilações e lições de vida me deu igualmente o Caminho, tentarei aplicá-las no dia-a-dia. Mas o maior ensinamento que tirei desta inolvidável odisseia, foi concluir que é tão pouco mas ao mesmo tempo tão importante aquilo que, no fundo, necessitamos para viver e desfrutar a vida em paz e com dignidade! Nos momentos de maior tensão tentarei lembrar-me deste princípio. Presto aqui também tributo e homenagem a todos os nossos Amigos do Caminho, inclusive aqueles com quem, pelas diversas vicissitudes do Caminho, não foi possível estabelecer um contacto mais regular! Conto, num futuro próximo, voltar a aventurar-me pelos Caminhos para Campus Stellae! É mais forte que nós o desejo de percorrer esta mítica rota, pelo que, e se o nosso Caminho começa no preciso momento em que decidimos fazê-lo, posso afirmar então que, algures no meu pensamento o tal “bichinho” já está outra vez a começar a fazer das suas! Bom Caminho a todos os que se encontram a realizar a Rota Jacobeia! Até à próxima aventura para Campus Stellae!

Ultreya et Suseya!
Texto: Sérgio Cebola
Fotos: António Delfino, António Pimpão, Rosalino Castro e Ângela Anderson Guerrero

terça-feira, 29 de junho de 2010

O Diário do Caminho: De volta a Santiago e o regresso a casa







A Carta do Alexandre

Queridos Amigos (por ordem alfabética)
António, Pimpão, Rosalino e Sérgio

Esta é, antes de tudo, uma carta de agradecimento. Estou grato por tudo o que se passou no caminho e grato a vocês por me aceitarem como “Peregrino Infiltrado”. Nossos momentos de caminhada, confraternização e conexão foram espectaculares! Vivemos intensamente cada passo do caminho. Quero dizer que estes momentos estarão sempre marcados em meu coração e que dentro dos vários ensinamentos desta peregrinação, o primeiro que me vem à mente é o de que não se precisa de vários meses ou de vários anos para uma grande amizade! Para mim bastou menos de 1 mês para sentir que se pode contar com alguém de forma PLENA!!! Muito obrigado e que nossos caminhos venham a se cruzar novamente! Um forte abraço a vocês e a todos que querem bem!

Do AMIGO peregrino
Alexandre Sebastião Bittar
Santiago de Compostela, 20/05/2010
“Quando eu estou aqui vivendo este momento LINDO…”

Fotos: António Pimpão

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O Diário do Caminho: III Parte, De volta a Santiago e o regresso a casa







20 de Maio: o regresso a casa

Levantei-me às 07h30 da manhã, mas já há bastante tempo que estava acordado. O relógio biológico ainda estava a funcionar segundo a rotina do Caminho! Tinham sido muitos dias! Após um banho matinal e um ”desayuno” na cozinha da pensão, arrumamos as mochilas, devolvemos as chaves às D. Pura Vilaseco com um até breve! Às 08h30 lá fomos calmamente até à Praça da Galiza para apanharmos o autocarro até ao terminal rodoviário de Santiago. O Alexandre fez questão de nos acompanhar até ao momento da partida! Foi a nossa derradeira passagem pela Praça do Obradoiro e pela Catedral, com um último olhar já de alguma nostalgia! Chegámos ao terminal por volta das 09h30, enquanto aguardávamos pelo autocarro que nos levaria até ao Porto, aproveitei para comer 2 donuts e cola–cao! O Delfino bebeu uma “canha” e comeu um bocadillo de presunto com queijo! Pouco depois das 10h00 descemos até à gare, linha 18, o autocarro foi pontual! Momentos muito complicados e difíceis na despedida do Alexandre! No nosso pensamento pairava a carta que ele nos tinha deixado de véspera e que nos pedira encarecidamente que a abríssemos apenas quando chegássemos ao Porto! Um último e longo abraço, com votos de felicidades e um até breve! Enquanto o autocarro começava a arrancar lentamente para a porta de saída da gare, o Alexandre nos acenou e abrindo os abraços nos entoou aquela bonita canção do Roberto Carlos, que tantas vezes nos tinha cantado no Caminho: “Quando eu estou aqui, vivendo este momento lindo…!”. Foram de facto momentos lindos e inesquecíveis, Amigão Alexandre! Jamais os esquecerei e jamais esquecerei esta despedida! Do fundo do coração, muito obrigado por tudo, Alexandre! Não menos fácil foi a altura em que abrimos e lemos a carta de despedida do Alex, lemos um a um, seguindo-se um longo momento de silêncio e de emoção! Afinal tínhamos passado por muita coisa juntos e durante muito tempo! Voltando à nossa viagem, o autocarro passou por Pontevedra, Vigo e entrámos em Portugal por Tui. Às 13h30 e após breve paragem em Braga, chegávamos ao Porto, onde parámos curiosamente também numa Praça chamada da Galiza, num local diga-se, muito pouco ortodoxo para deixar passageiros e bagagem! O que se passou no resto da viagem, do Porto até chegarmos a Nisa, já vocês sabem!

Texto: Sérgio Cebola
Fotos: António Pimpão

1 – A derradeira passagem pela Praça do Obradoiro e Catedral
2 – A despedida do Alexandre no terminal rodoviário de Santiago
3 – Já no Porto, de autocarro até à estação da Campanhã
4 – A estação de comboios da Campanhã
5 – O almoço quase volante junto à estação da Campanhã
6 – No comboio a caminho do Entroncamento

domingo, 27 de junho de 2010

O Diário do Caminho: III Parte, De volta a Santiago e o regresso a casa






19 de Maio: de volta a Santiago

Levantámo-nos às 06h30 da manhã, arrumámos as mochilas e após comermos algo, encaminhámo-nos para a paragem dos autocarros, junto ao porto de Múxia. O autocarro para Santiago partia às 07h30. A rotina a que nos tínhamos habituado nos últimos 30 dias acabava de mudar! Pela primeira vez em 30 dias iríamos fazer uma ligação entre localidades de transporte público e não a caminhar! Nem dava para acreditar! O bilhete do autocarro custou 6,15 euros e levou 2 horas e 15 minutos até ao terminal rodoviário de Santiago de Compostela, onde chegou precisamente às 09h45. Comprámos logo os bilhetes de autocarro para o Porto, para onde partiríamos no dia seguinte às 10h30 da manhã, num carro da Companhia Alsa. O bilhete tinha custado 29,00 euros. A primeira surpresa do dia teve lugar quando estávamos no guichet para comprar os bilhetes, lá estava também o António Sérgio, nem mais nem menos que o brasileiro que tínhamos conhecido juntamente com o Alexandre na Fonte do Vinho de Irache, no inicio do Caminho! Ficámos radiantes e ele também! Já tinha também terminado o Caminho e ia até a Portugal (ao Porto) dar uma volta! Após amena cavaqueira lá nos despedimos. Apanhámos um autocarro que, por 0,90 cêntimos, nos levou até à Praça da Galiza, o mais perto possível que conseguimos da Praça do Obradoiro e da Catedral. Por coincidência (ou talvez não…) ficámos hospedados no mesmo local que no dia 14 de Maio. Deixámos as mochilas nos quartos e fomos dar uma volta pela parte velha da cidade. Aproveitei para levantar um prémio de 12,96 euros que (finalmente…) me saíra no euro milhões espanhol! Comprei umas estampas em pano do Caminho para por na mochila e um escudo em metal para por no bastão. Fomos assistir à missa na Catedral que, uma vez mais, estava repleta, muito à custa dos peregrinos que ali chegavam todos os dias! Valeu a pena esperar 1 hora para assistir ao momento mágico em que o bota fumeiro percorre o interior da Catedral! Impulsionado pela força motriz das mãos de 2 ou 3 pessoas que balançam para cima e para baixo a enorme corda de onde este se encontra suspenso, percorrendo todo aquele espaço sacro, impregnando-o de um intenso cheiro agradável de incenso a arder! O espectáculo terminou com uma ovação geral através de uma enorme salva de palmas, logo que o bota fumeiro cessou o seu vaivém! Um momento muito bonito! Assistir à eucaristia funcionou como uma oportunidade de balanço e de reflexão sobre todas as ocorrências do Caminho, que culminou com a bonita cerimónia do bota fumeiro, transmitindo uma sensação de paz interior! Almoçamos no “Las Huertas” o menu do peregrino: caldo galego, salmão grelhado, gelado, café solo e, claro está, o chupito! da ordem. O Delfino, como não quis assistir à missa, acabou por comer no “Cepeda” (onde almoçámos no dia 14 de Maio…). Ocupámos grande parte da tarde a conhecer um pouco melhor o casco histórico da cidade e a comprar “regalos” e recuerdos” para a família! Eu e o Delfino descobrimos um bar de cerveja guiness (belíssima!), propriedade de brasileiros. Até à hora do jantar saboreámos dose dupla desta mítica cerveja irlandesa! Por volta das 20h30 desfrutámos da nossa derradeira ementa do peregrino num bar/restaurante na zona histórica, perto da Praça do Obradoiro! Era interessante constatar a enorme quantidade de artistas de rua que por ali tentavam ganhar a vida! No restaurante, mais uma surpresa agradável: reencontrámos o Rafael (o brasileiro de Calzadilla de La Cueza), disse-nos que se estava a divertir imenso e que talvez fosse até Portugal, Alemanha e Holanda na companhia de umas amigas que conhecera no Caminho! Confessou-nos que tinha ficado com algumas mazelas num dos pés (quem não as terá, Rafael, quem não as terá…). Após o jantar passeámos pela Praça do Obradoiro onde, debaixo das arcadas, voltámos a assistir ao alegre espectáculo musical das tunas académicas em que o publico era convidado a participar. Voltámos ao bar Guiness, agora com a “companhia” completa. O Alexandre ficou surpreso por haver ali um bar com cerveja guiness, de que gostava muito! Ao sabor de umas “canhitas” assistimos a um excelente momento de música ao vivo protagonizado pela magnífica voz da brasileira Verónica Mendes (achou que ainda vamos ouvir falar nela…), acompanhada à guitarra pelo virtuoso Marcelo (Marcelão…). Ao intervalo viemos embora, não sem antes felicitarmos os músicos! Não poderíamos ter tido melhor despedida da cidade e do Caminho! Em especial o Alexandre, pois eram seus conterrâneos! Para nós também foi interessante ouvir a língua de Camões… com sotaque! O Delfino e o Pimpão foram para os quartos. Eu, o Castro e o Alexandre ainda fomos beber uma “estrella galicia” ao bar de música celta onde, no dia 14 de Maio, tinha ocorrido a despedida do Luís Martiñez. Por volta da 01h30 da manhã eu e o Castro fomos descansar. O Alexandre ficou um pouco mais, ainda tinha todo o dia seguinte para descansar, pois só partiria para o Brasil na 6ª feira de manhã.

Texto: Sérgio Cebola
Fotos: António Delfino e António Pimpão

1 – O reencontro com o António Sérgio
2, 3 – Um pouco mais refeitos junto à Catedral de Santiago
4 – Artistas de rua na Praça do Obradoiro
5, 6 – A missa e a preparação do bota fumeiro na Catedral