sábado, 5 de junho de 2010

O Diário do Caminho : 9º Dia, 27 de Abril, Belorado – Atapuerca











Deixámos o albergue “Cuatro Cantones” em Belorado eram 07h10, foi uma manhã em que “desayunamos” por três vezes: no albergue, à passagem por Vilafranca Montes de Oca e por San Juan de Ortega. O Caminho era longo e duro, por isso repor calorias era importante! Foi uma etapa particularmente dura e sofrida para o António Delfino, massacrado por 2 bolhas que teimavam em não dar tréguas, pelo que, os 12 km entre Vilafranca Montes de Oca e San Juan de Ortega foram um verdadeiro suplício para o companheiro Delfino, por isso uma paragem mais prolongada em San Juan era inevitável. Aqui parámos cerca de 45 minutos: mochilas para o chão, pezinhos ao léu, comer algo e beber umas fresquíssimas “botellas” San Miguel! Aqui reencontrámos o Grande Amigo Javi (D. Javier…) que connosco fez o resto da caminhada até Atapuerca, mais tarde soube pelo Pimpão e pelo Castro que também aqui tinham reencontrado o José Alencar. Digo-vos que esta paragem deu resultados, pois os últimos 6 km até Atapuerca foram menos penosos para o Delfino que uma vez mais venceu as adversidades e chegou a bom porto! O reabastecimento, o descanso de 45 minutos, a mudança das botas para as sandálias e um tratamento choque à massacrada bolha do pé direito deram um pouco mais de ânimo e força ao António. San Juan tem uma igreja e um mosteiro muito interessantes. Na passagem por Agés travámos conhecimento com 2 ciclistas portugueses e aproveitámos para tirar algumas fotos. Chegámos a Atapuerca, na companhia do Javi, eram 16h00 e para nosso grande gáudio o albergue “El Peregrino” ficava mesmo no começo da povoação, não havia internet e teríamos que comprar os víveres para o “desayuno” de véspera, numa “tienda”, dado que o albergue não servia pequenos-almoços ou servia-os mais tarde, penso eu. Atapuerca respira pré-história, ou não fosse Património da Humanidade da Unesco desde 30-11-2000, graças ao seu riquíssimo património arqueológico, que revelou um local com 800.000 anos de história. O seu Parque Arqueológico tem sido alvo de imensas visitas e, pelo que nos foi dado a ver, estava a ser objecto de grandes obras para melhorar, por certo, a sua prestação de serviços. Durante a tarde numa esplanada e no meio de umas quantas Heineken, conhecemos a mexicana Angela (Angelita…) que já caminhava desde Roncesvalles e a holandesa Christine que se fazia acompanhar por um amigo que nunca cheguei a fixar o nome. O Pimpão, o Castro, o Alexandre e o Luis Martiñez já tinham encontrado a Ângela entre San Juan de Ortega e Agés. Na esplanada o Alexandre com a sua alegria e boa disposição contagiantes, começou logo a entoar “Angie” dos Stones em homenagem a Angela, mais uma Amiga no Caminho! Voltámos a jantar muito bem, desta feita na “Cantina de Atapuerca”, um espaço muito bem decorado com motivos alusivos à pré-história, pois claro! Após a “cena” (jantar), convidámos os nossos novos amigos para beber café num bar, mas Ângela e companhia preferiram beber um copo de vinho. Eu e o Pimpão ficámos pior, pois animados pela conversa e pela companhia, esquecemo-nos de dizer ao barman que era “café solo”, moral da história: café com leite! Há dias assim! Como o relógio não parava, despedimo-nos dos nossos amigos que estavam alojados noutro albergue, e lá fizemos o nosso derradeiro passeio nocturno por Atapuerca, de regresso aos nossos aposentos. Ah, já quase me esquecia, hoje foram mais 30,5 km! A tal média dos 30 km por dia, para não variar!

Texto: Sérgio Cebola

Fotos: 3 e 8 (A. Pimpão), fotos 1, 2, 4, 5, 6,7, 9 e 10 (A. Delfino)

1 – Junto às ruínas do Mosteiro de S. Félix de Oca (sécs. VI-IX)

2 – Algures entre Belorado e San Juan de Ortega

3 – San Juan de Ortega

4 – Com a Ângela, entre San Juan de Ortega e Agés

5 – Em Agés (a 518 km de Santiago) com o Javi

6 – Os 2 “portugas” de bike (em Agés)

7 – A chegada a Atapuerca

8 – A torre sineira da igreja de Atapuerca

9 – Ao jantar na “Cantina de Atapuerca”, com a equipa (quase) completa

10 – Depois do jantar, num bar com a Ângela e companhia

O Diário do Caminho: 8º Dia, 26 de Abril, Cirueña - Belorado











Partimos de Cirueña às 06h50, ainda o sol não tinha nascido e às 08h00 da manhã chegávamos a outro local mítico do Caminho: Santo Domingo de La Calzada! E que riquíssimo centro histórico possui! O Convento de San Francisco, as Muralhas e a Catedral de Santo Domingo! Como aqui passámos bastante cedo estes espaços ainda estavam fechados ao público, no entanto, deu para ver a sua imponência e fantástica arquitectura através do exterior, dos quais destaco, naturalmente, a Torre e um dos pórticos da Catedral! Por aqui nos “perdemos” um pouco, deambulando com calma, tirando fotos e revivendo também da lenda do galo de Santo Domingo que agora partilho convosco. Pois conta a lenda que há muitos e muitos anos, um casal de peregrinos alemães estava fazendo o Caminho com seu filho, de nome Hugonell. Ao hospedarem-se em Santo Domingo de la Calzada uma camareira apaixonou-se pelo jovem que era muito bonito. Como este amor não era correspondido, a camareira, numa terrível trama, escondeu entre os pertences de Hugonell uma taça de prata. Acusado de roubo, o jovem foi condenado à forca (pena para roubo naquela época). Seus pais, desolados, continuaram a peregrinação até Santiago. Na volta pararam em Santo Domingo e, para sua grande surpresa, o rapaz ainda estava na forca, porém inexplicavelmente vivo. Os pais dirigiram-se ao juiz que condenara Hugonell e relataram o que viram. O juiz, num acto de deboche, disse que só acreditaria que o filho deles estivesse vivo se o galo que estava comendo cacarejasse. E o galo cantou! O jovem foi inocentado e o milagre atribuído a Santo Domingo. Na Catedral de Santo Domingo de la Calzada encontra-se um belíssimo galinheiro em estilo gótico, onde vivem um imponente galo e uma galinha brancos, que são substituídos a cada 30 dias. Estes galos e galinhas são criados num galinheiro e mantidos pela mesma confraria que mantém o albergue de peregrinos de Santo Domingo de la Calzada (aquele que foi visitado pela rainha Sofia em 1993) e que também guarda os restos da forca utilizada para enforcar o jovem Hugonell. Dizem que, ao entrar na Catedral, se o galo ou galinha cacarejarem, é sinal de muita sorte! Santo Domingo de la Calzada, “donde el gallo ha cantado mismo despues de asado”. O tempo ia passando e teríamos que retomar o Caminho, pelo que lá fomos rumo a Grañón onde “desayunamos” pela 2ª vez: um delicioso e soberbo bocadillo de jambón com pão quente! Foi uma etapa em que passámos por muitas povoações separadas por poucos kms, com troços muitos planos e imensos campos de cereais. Chegámos a Belorado às 16h30 com mais 30,5 km nos pés e ficámos instalados no albergue Quatro Cantones com piscina, imaginem! Isto é que é qualidade de vida! Após o ritual do costume: botas à porta do albergue, banhito, lavagem de roupa e os tais 30 minutos de pés para o ar, fomos passear um pouco até à praça central de Belorado, após mais algumas fotos para a posteridade entrámos no restaurante bar café Bulevar, onde já estavam o Castro, o Pimpão e o Alexandre) e, uma vez mais ficou comprovado, que o mundo é mesmo pequeno: a proprietária era portuguesa, chamava-se Sónia, e segundo nos contou, há 13 anos que estava em Espanha, deixando Felgueiras em Portugal, a sua terra natal. Por aqui bebemos umas “botellas” de San Miguel, uns bocadillos e acabamos também por cá jantar o menu do peregrino: sopa de peixe (não façam confusões com a nossa, não tem nada a ver…), massa com molho de tomate, merluza e salada (macedónia) de fruta, tudo muito bem regado com o tinto da ordem e ajudado a digerir com o cafezito “solo” e inevitável “chupito” de aguardente, que se revelou um fantástico antídoto contra os roncadores! Ainda durante a tarde no albergue, travámos conhecimento com os brasileiros José Alencar e a Iraci (penso que era este o seu nome), até acho que já nos tínhamos cruzado com ela no Caminho.

Texto: Sérgio Cebola
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Recurso internet: http://katiaesteves.wordpress.com/2009/07/30/a-lenda-do-galo-de-santo-domingos/
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Fotos: 1 a 8 e 11 (António Delfino), fotos 9 e 10 (António Pimpão)
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1 /2 - Partida de Cirueña
3 – Torre da Catedral de Santo Domingo de La Calzada
4 – Pórtico da Catedral
5 – Ponte sobre o rio Oja (Santo Domingo de La Calzada)
6 – Entrada na Junta de Castilla y León
7 – Em Belorado, no café Bulevar (da portuguesa Sónia)
8 – Na piscina do albergue
9 – O José Alencar
10 – A Iraci
11 – O jantar no café Bulevar

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O Diário do Caminho : 7º Dia, 25 de Abril, Navarrete - Cirueña



Saíamos de Navarrete eram 06h50. Este foi um dia particularmente doloroso e dificil, pois foi o último em que tivemos a companhia do Hernâni e da Cris. O Hernâni foi ficando para trás, já tinha revelado alguns problemas de adaptação à realidade do Caminho, estava um pouco em baixo psicologicamente, nunca mais tivemos notícias dele. A Cris, como já vos disse, trazia menos dias de férias que nós por isso tinha que se adiantar, ainda assim ia saltar as etapas entre Burgos e Léon (de autocarro) e já não iria a Fisterra, queria chegar a Santiago entre os dias 7 e 8 de Maio, porque dia 9 regressava ao Brasil. Nós ficámos em Cirueña e a Cris continuou penso que até Santo Domingo de La Calzada. Buen Camiño Hernâni e Buen Camiño Cris!
Desta etapa queria destacar naturalmente a passagem por Nájera e pelo seu interessante centro histórico. Aqui fizemos, eu e o Delfino, uma paragem mais prolongada para comer alguma coisa na esplanada de um bar na zona histórica (o restante pessoal já estava mais para a frente…). Quando retomámos o Caminho, já na saída de Nájera, conhecemos um casal francês que também ía para Santiago. Seguimos algum tempo juntos, atravessámos a ponte sobre o rio Najerilla e um pouco mais à frente, já em direcção a Azofra, ficaram a descansar numa sombra apetecível e nós continuámos!
O percurso entre Navarrete e Cirueña foi bastante plano, com imensas zonas de vinha (ou não estivéssemos em La Rioja…) e campos de cereais até perder de vista. Em Azofra não resistimos a parar numa esplanada, à sombra, pois o dia estava quentinho. Durante cerca de 30 minutos descansámos e desfrutámos de 2 “canhas” San Miguel! Como eram bons aqueles momentos de pausa!
Chegámos a Cirueña às 16h30, mas ainda tivemos que caminhar um pouco mais, pois o único albergue que ali existia, ficava mesmo na outra ponta da povoação! Achei um pouco exagerado o preço que o hospitaleiro pediu, 13 euros, ainda que com pequeno-almoço, para o tipo de albergue que era, pareceu-me um pouco excessivo, acho que se aproveitou de ser o único nas redondezas. O Castro ainda assim foi o que teve mais sorte, conseguiu dormir num quarto sozinho, pelo menos estaria a salvo dos roncadores e a última noite tinha sido, particularmente, terrível a este respeito, a Cris que o diga, pois tinha levado com uma enorme sinfonia toda a noite em Navarrete. Durante a tarde bebemos umas canhas e consultámos a internet, por sinal gratuita, um pouco lenta é certo, mas gratuita!

Acabámos por ali jantar, era um café que servia a ementa do peregrino, o filho do patrão foi quem nos serviu, bom rapaz e ainda por cima falava português, era filho de um basco e de uma brasileira! Regressámos calmamente ao albergue, era tempo de reorganizar as mochilas para o dia seguinte. Já tinha telefonado para casa a matar saudades. Era preciso agora descansar para regressar em pleno ao Caminho!


Texto: Sérgio Cebola
Fotos: 1 a 6 e 8 (António Delfino) foto 7 (António Pimpão)
1 – Partida de Navarrete
2 – Nájera
3 – Idem, ponte sobre o rio Najerilla, com o casal francês
4 – Igreja de Nájera
5 – Bebendo umas “canhas” San Miguel em Azofra
6 – As vinhas de la Rioja
7 – A despedida da Cris em Cirueña
8 – O jantar em Cirueña

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O Diário do Caminho : 6º Dia, 24 de Abril, Torres Del Rio - Navarrete


Saímos um pouco mais tarde que o habitual porque o hospitaleiro do albergue bebeu umas “canhas” a mais de véspera, deixou-se dormir e só depois do Alexandre o acordar é que nos serviu o pequeno-almoço, um pouco atrapalhado lá nos pediu desculpa pelo sucedido.

Já eram 07h15 quando começámos a caminhar e tivemos logo o privilégio de assistir a um fantástico nascer do sol com Torres Del Rio em pano de fundo, um dos momentos a recordar do Caminho, sem dúvida! Durante esta etapa deixámos para trás a Navarra e com ela o País Basco e entrámos na Comunidad de La Rioja (bom vinho!). Dia também para atravessar outra grande cidade: Logroño, por aqui passámos já perto da hora de almoço e levámos cerca de 1 hora para percorrermos a sua avenida central.

Antes de Logroño fizemos também uma paragem mais prolongada numa cidade muito bonita: Viana, com um património edificado também muito interessante, particularmente o religioso. Foi aqui em Viana que tirámos uma foto de grupo com a empregada do bar que fez as delícias não só deste blogue, como também do Facebook. Eu e o Delfino voltamos a parar, já na saída de Logroño, na esplanada de um bar, comemos bocadillos e bebemos vinho La Rioja, pois claro! O dono do bar foi de uma simpatia extrema!

Às 17h25 chegámos ao albergue de Navarrete e logo após uns alongamentos para descomprimir bebemos canhas com o Pimpão na esplanada de um bar perto do albergue. Mais tarde, voltei de novo a este bar, pois lá tinha deixado esquecidas as minhas “gafas” (óculos), que a senhora do bar já tinha guardado.
Após o banho e 30 minutos de descanso, demos uma volta de reconhecimento por Navarrete para comprar comida, ver de restaurante para o jantar, visitar umas festividades locais que estavam a decorrer e para visitar também a magnifica igreja de Navarrete que possui um retábulo em talha dourada do mais bonito que já vi em igrejas, nada fica a dever ao de muitas catedrais!

Jantámos num restaurante perto da igreja, onde já tínhamos estado, na companhia da Cris, do Javi, do Luis, do Alexandre e do Hernâni. A noite estava apetecível pelo que bebemos café na esplanada do restaurante antes de recolhermos em definitivo ao albergue.


Texto: Sérgio Cebola
Fotos:
1 – Na partida de Torres Del Rio (António Pimpão)
2 – O nascer do sol com Torres Del Rio em pano de fundo
3 – A chegada a Viana
4 – Pórtico da igreja de Viana
5 – Pelo centro de Viana
6 – A entrada em La Rioja
7 – Logroño
8 – Navarrete
9 – O descanso dos “guerreiros” em Navarrete (I)
10 – O fantástico retábulo da igreja de Navarrete
11 – O descanso dos “guerreiros” em Navarrete (II) (António Delfino)

terça-feira, 1 de junho de 2010

O Diário do Caminho : 5º Dia, 23 de Abril, Ayegui – Torres Del Rio


Desde que começámos o Caminho este foi o dia em que saímos mais cedo (06h55) e que chegámos também mais cedo (14h40). Por volta das 07h15 parámos na nossa já “velha” conhecida Fonte de Irache, mais uns momentos fotográficos, foi aqui que conhecemos os companheiros brasileiros António Sérgio e o inesquecível Alexandre Bittar (Alexander, The Great!), que fizeram o favor de nos tirar algumas fotografias junto à Fonte de Vinho. Eu queria comprovar se a quadra que estava escrita numa placa ao lado da fonte era verdade e que dizia “Peregrino! Se queres chegar a Santiago, com força e vitalidade, deste grande vinho bebe um trago e brinda à felicidade!”, e eu não estive com meias medidas e enchi uma garrafa de plástico de 0,50 l para a jornada que tínhamos pela frente! E afinal esta máxima só vinha reforçar a tal que dizia também “Com pão e vinho se faz o Caminho!”, por isso nada como comprovar estes ditos no “teatro de operações!




Voltámos a encontrar a Cris, entre Azqueta e Villamaior de Monjardin. Disse-nos que na noite anterior tinha ficado em Estella, o que me levou a conjecturar com os meus botões que ela, para além de estar com um andamento muito bom, deveria ter saído bem cedo de Estella, para estar já ao pé de nós. Voltámos a passar por ela um pouco mais adiante, estava parada a comer num albergue que oferecia café quente aos peregrinos. Foi uma etapa bastante plana e com a melhor temperatura para caminhar: céu nublado, tempo fresco e sem chuva, o que permitiu um ritmo mais rápido. Nem em Azqueta nem em Villamaior foi possível comer os habituais “bocadillos”, pois não havia bares abertos por ser ainda bastante cedo. Em Villamaior estava aberto o tal albergue que oferecia café onde a Cris parou.

Nós seguimos, passando ainda por uma fonte sem água. Faltavam-nos 9 km até Los Arcos, só tínhamos 0,5 de água, mas em compensação tínhamos 0,5 l de vinho tinto da Fonte de Irache e 4 barritas energéticas, q lual mistura explosiva para fazer disparar o nosso “turbo” até Los Arcos! E lá chegámos às 11h45, abancámos logo na praça central, na esplanada de um bar. Como na mochila ainda dispúnhamos de alguns géneros comestíveis, tais como presunto, chouriço e paté de porco, apenas comprei pão numa “tienda” (loja). Para acompanhar: vinho, cerveja e no fim café “solo” e digestivo. O Alexandre que já aqui estava quando nós chegámos, estava a comer “linguillas”, acho que era assim que se chamavam, um legume parecido com a vagem do feijão verde, em calda, muito picante! Eu e o Delfino provámos e de facto picava muito, que chatice do caraças, pois tivemos que beber mais uma “canha” para apagar o fogo! Após tirarmos algumas fotos em Los Arcos, retomámos o Caminho, eram 13h00.


Foram mais 40 minutos até Torres Del Rio, ficámos no albergue Casa Maribel, propriedade de uma família emigrante da Colômbia que também tinha um restaurante, onde acabámos por jantar. Após a inevitável pausa para banho e descanso nos beliches, estivemos em amena cavaqueira com os nossos companheiros de Caminho, na esplanada do albergue, lá estavam a Cris, o Alexandre e também aqui conhecemos o Javi de Menorca (D. Javier…), o Luís de Barcelona e o Hernâni do Brasil! Mais tarde aproveitei para visitar e tirar algumas fotos à Igreja do Santo Sepulcro de Torres Del Rio, muito idêntica à mítica Igreja de Santa Maria de Eunate (que não visitamos porque tínhamos que efectuar um desvio de 2 km). De facto valeu a pena a visita, pois tinha uma arquitectura interior fantástica, pena foi ter que pagar 1 euro para entrar, foi a primeira vez que paguei para entrar em igrejas, infelizmente é este o lado mais perverso do Caminho. Mais para o final da tarde, fui com o Delfino comer qualquer coisa e beber umas “canhitas” no tal restaurante, onde travámos uma amena cavaqueira com a proprietária, mãe do José, o hospitaleiro do albergue. Contou-nos as suas histórias de vida e o porquê de ser ter aventurado por aquelas paragens.

O jantar foi muito participado e alegre, ali se juntaram todos os que estavam no albergue e durante o repasto tirámos algumas fotos e compartilhámos as peripécias do Caminho! De certa forma era reconfortante saber que estávamos ali todos para o mesmo e em igualdade de circunstâncias a partilhar aquelas histórias que ajudavam, não só a passar o tempo, mas ajudavam também e acima de tudo, a ultrapassar as dificuldades do Caminho! Por volta das 22h00 ainda dei uma olhadela pela internet, retirei a roupa já enxuta do estendal e relaxei ouvindo um pouco de música, qual sedativo para um sono reparador!

Texto: Sérgio Cebola
Fotos: António Delfino

1 – O “desayuno” (pequeno-almoço) em Ayegui
2 – O inicio de mais uma jornada em Ayegui
3 – A (minha) segunda passagem pela Fonte de Vinho de Irache
4 – A Cris em Villamayor de Monjardin
5 – A caminho de Los Arcos
6 – A chegada a Los Arcos
7 – Torres Del Rio em pano de fundo
8 – Junto ao albergue de Torres Del Rio
9 – A Igreja do Santo Sepulcro
10 – A magnifica abóbada da igreja
11 – O jantar “peregrino”