sábado, 13 de março de 2010

As “nossas” Etapas!


“Não está escrito em lado nenhum que vou ter de fazer estas coisas: para mim, têm de fazer sentido. E o que é que faz sentido? Desafios aliciantes – as tarefas fáceis não me seduzem!”

“Nos momentos de fraqueza, quando estou ali, cansado e só sei que desistir é a maneira mais fácil de resolver o problema. E penso: (…) Não, eu vou continuar!”

João Garcia, in “Millennium Magazine”, Janeiro/Fevereiro, 2010


A pouco mais de um mês do inicio da nossa travessia do Caminho Real Francês de Santiago de Compostela e após longas e cirúrgicas pesquisas, quer na internet quer noutros documentos, “escutando” e “ouvindo” as experiências de outras pessoas que realizaram este Caminho, apresento aqui a nossa proposta para a realização das etapas, ou melhor, a proposta do Pimpão, pois foi ele que, pacientemente, mais se debruçou sobre a sua programação, estudando o perfil da cada uma. Estamos a envidar todos os esforços e continuaremos a envidá-los durante o Caminho, para que Santiago de Compostela não seja o fim, mas sim o meio (mais um…) para continuarmos até Fisterra, culminarmos em Muxia e fecharmos o círculo em Olveiroa! Como atrás disse e volto a sublinhar, esta é uma proposta e como tal estará, tendo em conta as vicissitudes muito próprias do Caminho, sujeita a eventuais alterações e/ou ajustes durante a sua travessia. Iremos passar por locais míticos e intimamente ligados ao “Camino Francés”, tais como, Saint Jean Pied de Port (SJPP), os inevitáveis Pirinéus e a longa ascensão ao Collado Lepoeder a 1440 metros de altitude, após uma extensa subida, desde SJPP à cota 160 m, com um desnível acumulado de 1280 metros em 21,5 km de distância percorrida. No entanto os primeiros 5 km até Untto serão os mais íngremes desta etapa. Existe, no entanto, um percurso alternativo que vai por Valcarlos, com menos dificuldade, ainda que ligeiramente mais longo. Por norma opta-se pela via alternativa quando as condições atmosféricas são mais adversas. Iremos ascender as outras cotas de altitude igualmente interessantes: Foncebadón (1440 metros), Cruz de Ferro (1504 metros), Manjarín (1460 metros), Estación Militar (1517 metros), Alto de La Pedraja (1150 metros) e o mítico “O Cebreiro” (1300 metros). Quero igualmente destacar o Caminho Santiago – Fisterra – Muxia, com a possibilidade em aberto de fecharmos o círculo em Olveiroa, assim haja alma, motivação e disponibilidade física de reserva! Existem seguramente muitos outros locais, motivos e rituais intimamente ligados ao “Camino Francés”, tais como, a “Fuente de Vino de Irache” em Ayegui, a passagem pelas cidades de Pamplona, Logroño, Burgos, León, Astorga, Ponferrada, entre outros, mas serão momentos que ficarão, certamente, guardados para registo no nosso diário do Caminho! Aqui ficam então as etapas que nos propomos realizar:

Caminho Francês


Etapa 1: Saint Jean Pied de Port – Roncesvalles (25,7 km)

Etapa 2: Roncesvalles – Larrasoaña (27,5 km)

Etapa 3: Larrasoaña – Uterga (34,4 km)

Etapa 4: Uterga – Ayegui (34 km)

Etapa 5: Ayegui – Torres Del Rio (29,6 km)

Etapa 6: Torres Del Rio – Navarrete (34,8 km)

Etapa 7: Navarrete – Cirueña (32,3 km)

Etapa 8: Cirueña – Belorado (30,5 km)

Etapa 9: Belorado – Atapuerca (30,5 km)

Etapa 10: Atapuerca – Tardajos (31,5 km)

Etapa 11: Tardajos – Castrojeriz (29,5 km)

Etapa 12: Castrojeriz – Población de Campos (30,1 km)

Etapa 13: Población de Campos – Calzadilla La Cueza (32,8 km)

Etapa 14: Calzadilla La Cueza – Bercianos Del Camino (31,7 km)

Etapa 15: Bercianos Del Camino – Puente de Villarente (33 km)
Etapa 16: Puente de Villarente – Villadangos Del Páramo (33,2 km)

Etapa 17: Villadangos Del Páramo – Astorga (28,7 km)

Etapa 18: Astorga – Foncebadón (26,3 km)

Etapa 19: Foncebadón – Cuatro Vientos (31,6 km)

Etapa 20: Cuatro Vientos – Vega de Valcarce (32,5 km)

Etapa 21: Vega de Valcarce – Viduedo (26,9 km)
Etapa 22: Viduedo – Barbadelo (30,9 km)

Etapa 23: Barbadelo – Ventas de Narón (31,5 km)

Etapa 24: Ventas de Narón – Melide (26,8 km)

Etapa 25: Melide – Alto de Santa Irene (32,2 km)

Etapa 26: Alto de Santa Irene – Santiago de Compostela (23,1 km

Caminho de Santiago – Fisterra – Muxia


Etapa 1: Santiago de Compostela – Negreira (21,8 km)
Etapa 2: Negreira – Olveiroa (33,1 km)
Etapa 3: Olveiroa – Fisterra (34,2 km)
Etapa 4: Fisterra – Muxia (30,3 km)
Etapa 5: Muxia – Olveiroa (29 km)

Imagem: www.caminhodesantiago.net

segunda-feira, 8 de março de 2010

Mais uma etapa de preparação!

A vontade de iniciar esta nossa Odisseia está a provocar em mim cada vez mais desassossego com o aproximar da partida, daí que para combater esta ansiedade, nada melhor que juntar o útil ao agradável e lá fomos nós este fim-de-semana fazer mais uma caminhada de preparação, tendo desta vez como pano de fundo a Serra da Estrela, subindo de Manteigas para as Penhas Douradas numa extensão de cerca de 8 quilómetros. Tive como companhia e companheiros de caminhada o Pimpão, a Isabel Semedo e o sempre disponível (nosso motorista particular) o amigo, mais conhecido por "Zé do Bife". Eu e o Pimpão, repetentes neste circuito, tivemos como único objectivo caminhar em ascensão, em condições adversas, tanto em termos de desnível como climatéricas e de relevo, em alguns momentos muito idênticas aquelas que iremos encontrar na primeira etapa do "nosso" caminho, entre Saint Jean Pied de Port e Roncesvalles. O teste ao equipamento, isto em termos de peso aproximado daquele que iremos ter que transportar e tendo em conta as dificuldades deste tipo de percurso em altitude, não constituiu qualquer problema de maior. As dificuldades iniciais sentidas pela companheira Isabel, condicionaram um pouco o nosso ritmo de marcha, que se tornou assim de passeio, já que optámos por caminhar e chegar com ela até ao final da etapa. De realçar que apesar do esforço, a Isabel gostou da experiência, ficando no ar a promessa de voltar, já no próximo ano. Desta jornada fica-nos na memória a chuva miudinha, a beleza da paisagem enublada, alguns laivos de neve aqui e acolá e o sempre límpido rio Zêzere de águas cristalinas. Queria aproveitar para deixar aqui o agradecimento público à INIJOVEM, pela disponibilidade de transporte que nos concedeu. Termino este relato, parafraseando alguém que me é muito querido, o meu filho Marco que me enviou o seguinte pensamento:

"... Continuem em grande e citando Voltaire "o mundo intriga-me, e não posso imaginar que este relógio exista e não haja relojoeiro, Deus"

Ultreya et Suseya!

Texto: Rosalino Castro
Foto: António Pimpão